segunda-feira, 1 de abril de 2013

A Revolta da Murta-Que-Geme, pág 20



– Eu ainda não o fiz – ele falou com pesar. – É difícil para mim, Alvo. Tente se por no meu lugar! Assim como a Murta eu tenho meus problemas particulares. Sou, ou era, não sei, um nascido-trouxa, então desde meus tempos como aluno eu não era super descolado. Não era fácil para eu fazer amigos como era para Harry ou para você. Da última vez que eu estive no Salão Principal nós estávamos em guerra. Todos temerosos e duvidosos se iriam erguer suas varinhas e lutar ao lado de seu pai ou se iriam fugir e resguardar sua própria segurança. Eu era menor de idade e fui ordenado a evacuar, Mas assim como Mylor, Jaquito Peakes, Cadu Coote e muitos outros, eu decidi desobedecer e lutar. Fui um dos poucos que morreu e sou o único que retornei como fantasma. Tenho meu nome em um memorial de guerra e muitos acham isso um fato de honra. Mas eu também me sinto envergonhado, Alvo. Envergonhado por não poder estar com minha família, passar a noite na casa do meu irmão, constituir uma família, tocar em um objeto ou poder falar com o meu sobrinho sem ser obrigado a ter cuidado para não atravessá-lo! – ele encarou pela primeira vez Alvo bem no fundo dos olhos, e o garoto pode ver por entre a olhada fantasmagórica de Colin um verdadeiro sentimento de medo. – Todos os meus amigos cresceram. Meu melhor amigo, no semestre anterior era professor e eu sou apenas a lembrança de um aluno. E mesmo que eu dessa agora e ronde a mesa da Grifinória, todos serão desconhecidos para mim, e eu mais um fantasma como tantos outros. – ele baixou a cabeça e olhou para os pés que levitavam sob o chão. – Me desculpe por não ter cumprido a minha promessa, Alvo. Mas ainda há tempo, mas não agora, não tão....
Colin se calou de repente. Ele arregalou os olhos e tentou alertar Alvo, mas não houvera tempo.
Postado na porta do banheiro como um soldado que guarda a entrada para o palácio da Família Real, lá estava Filch, com um sorriso amarelado enchendo sua cara enrugada e de barba mal feita. Seus dentes eram amarelos cheios de tártaro e ligeiramente tortos. Foi uma comparação muito exagerada, mas os caninos de Filch se assemelhavam suavemente com os de Madame Nor-r-ra, que afagava por entre suas pernas.
– Pego no flagrante, Potter – falou ele com sua rouquidão. – Então você é o famoso vândalo dos banheiros. Eu pensava que era aquele grupinho infernal do seu irmão, mas não, era você... Eu deveria ter pensado nisso antes. Você se uniu a eles, Potter?
Alvo negou rapidamente em resposta.
– Não foi ele, Sr Filch – interpôs-se Colin. – Foi a Murta-Que-Geme. Você sabe como ela é quando se descabela. Alvo não é o culpado...
Calado fantasma! – resmungou Filch gozando de uma autoridade que não lhe pertencia. – Você não é ninguém neste colégio! Não é aluno, nem professor, nem funcionário. É um agregado – o zelador fez questão de mostrar repugnância nas últimas palavras. – Vá se trancar em um banheiro masculino ou volte para o memorial. Agora, você, Potter – ele coçou a barba rala do queixo pálido – venha até minha sala.
Alvo nunca estivera na sala particular do Sr Filch, e sabia que todos os alunos a evitavam com unhas e dentes. Agora ele sabia porquê.

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