– Não me interessa como! Se a Murta conseguiu
ligar, você desliga!
Alvo esticou as mãos para fazer com que a água
parasse de bater em seu corpo. Por uns poucos instantes sua força e pressão
pareciam mais fortes e com isso, cada segundo com ela batendo em seu peitoril
parecia que tinha uma espada perfurando sua carne. Finalmente Colin, ou
qualquer outro, conseguiu fazer com que o jato parasse.
Completamente ensopado, gotejando como um cristal
de gelo no meio do verão, tendo as mãos vermelhas devido ao impacto delas com a
água e acabado de tomar o mais gelado banho de sua vida, Alvo cuspiu para longe
toda a água que enchera sua boca, o que o fez parecer uma estátua de um cupido
em um chafariz. Jogando os cabelos para trás e piscando para tirar a água dos
olhos, ele tateou no chão alagado, procurando por sua varinha. Depois de já
tê-la encontrado, Alvo seguiu seu caminho até o banheiro feminino, onde Colin
flutuava próximo ao chão.
Se Alvo não soubesse que a Câmara Secreta de
Slytherin estivesse embaixo de seus pés, ele nunca diria que aquele banheiro
guardava sua passagem. Era apenas um banheiro de ladrilhos bem iluminado pelas
janelas, vitrais e archotes que ainda queimavam mesmo com toda aquela água
jorrando de todos os cantos. Acenando a varinha, Alvo utilizara a magia para
fechar todas as torneiras que enchiam as pias entupidas com papel higiênico e
que transbordavam abrutalhadamente. Todas estavam abertas, exceto uma. Essa uma
que Alvo sabia ser falsa e enferrujada que nunca se abria e que continha uma
serpente gravada na lateral da torneira. Era ela que abria a passagem para a
câmara de Slytherin, a qual ele sabia ter sido construída pelo Caçador de
Destinos.
– Mais um! – gritou uma voz feminina desconhecida
bastante irritada e revolta. – Vocês não sabem ler não?! Esse é o banheiro das meninas! E só as meninas podem entrar nele!
Alvo girou nos calcanhares e viu a figura
fantasmagórica de uma garota sentada em um dos boxes do banheiro.
– Você?
– fora a única coisa que ele conseguira falar. – É você a Murta-Que-Geme? Você
não disse que ela era assim, tão, eh...
– Não é educado falar mal das pessoas quando elas
estão ouvindo! – recriminou a garota fantasma se erguendo do boxe e flutuando,
ainda mais irritada, para perto de Alvo. – E ainda mais se estiver fingindo que ela não está por perto!
Mesmo... – ela mudou seu estado de ânimo, ficou mais frágil, sensível e
sentimental – Mesmo que a coitada da Murta já esteja acostumada a ser ignorada.
– Ela fungou forte e fingiu enxugar uma lágrima com o dedo branco-pérola. –
Mesmo quando eu era viva, elas costumavam me ignorar, e agora, depois de morta,
elas ainda me ignoram. Quase ninguém
vem nesse banheiro.
– Olha, eh, Murta, eu lamento. Lamento muitíssimo
que as garotas não queiram vir no seu banheiro, mas – Alvo olhou para Colin,
tentando pedir ajuda somente com o olhar, mas o fantasma parecia não querer entender
a expressão de Alvo – isso não é motivo para você dar um ataque de nervos e
inundar o corredor todo.
– E você acha que eu fiz
tudo isso só porque sou ignorada? –
ela gemeu e se distanciou de Alvo. Flutuando para além dos boxes, sentando-se
agora em uma janela circular, grande o bastante para passar a cabeça de um
dragão por inteira. Ela
Nenhum comentário:
Postar um comentário