Antes mesmo de chegar ao banheiro feminino, já
dava para ver os estragos provocados pela Murta-Que-Geme. Boa parte dos
corredores estava alagada, ou se não estavam, filetes de água escorriam pelos
cantos, molhando todos os tapetes extensos pelo chão. Quando Alvo estava a
poucos passos da entrada para o banheiro feminino, uma coisa o deteve, e ele
ficou extremamente assustado quando encarou aqueles olhos amarelos o fitando. A
cor de seu rosto deveria ter ficado tão branca quanto a de Colin.
Ninguém nunca gostava de esbarrar com Madame
Nor-r-ra, a gata do Filch, pelos corredores. Ela era como uma espécie de olhos
e ouvidos extensos do zelador, que conseguia chamá-lo em uma velocidade
consideravelmente curiosa. E mesmo sendo apenas uma gata velha de coloração
cinzenta, que mais parecia um pano emplumado velho, e que havia sido petrificada
há décadas atrás, ela conseguia delatar com precisão quem cometera tão infração
para seu dono. E certamente, ver aquela gata, naquele momento em especial, era
a última coisa que Alvo queria.
– Eu correria se fosse você – aconselhou Colin que
também mirava a gata que andava com passos calculados para evitar seu contato
direto com a água, possivelmente gelada, que vinha do banheiro. Mesmo estando
atenta aonde pisava, Madame Nor-r-ra mantinha os olhos em Alvo. – Embora ela e
Filch sempre tenham protegido os sonserinos.
– Comigo é diferente – disse Alvo com rispidez,
sentindo um arrepio ao encarar a gata. – Filch me odeia por ser filho de meu
pai. E se ele me odeia, ela também. Vou seguir seu conselho Colin... Rápido,
vamos dar no pé!
Alvo correu mais um minuto e meio, até escorregar
em uma poça d’água e sair deslizando até a entrada do banheiro. Ao se levantar,
ele sentiu a água escorrer por entre suas vestes e molhar lugares que ele
preferia manter secos. Também sentia as mangas e as dobras das vestes
gotejando.
– Poderia ser pior – disse Colin tentando
reconfortar a Alvo.
– Ah, é mesmo? Eu não vejo como! – retorquiu Alvo,
começando a ficar furioso com o fantasma. Ele deu mais uns passos cautelosos
para mais perto da porta e sacou sua varinha. Do vão da porta e de todos os
seus cantos brotava água, que escorria velozmente para o chão e inundava ainda
mais os corredores. Alvo colocou sua mão esquerda sobre a porta e sentiu que
ela vibrava, alguma coisa estava se chocando contra ela pelo lado de dentro. –
Colin, atravesse a porta e veja se a Murta está fazendo alguma coisa de pior
com o banheiro – o fantasma assentiu e atravessou a madeira de pinho como se
ela não existisse. – Lá vou eu... Alohomora!
Alvo não precisou girar a maçaneta para abrir a porta.
Assim que as trancas da porta se abriram e ela oscilou, o que estava se
chocando com ela por dentro fez mais força e a escancarou com um estrondo.
Um forte jato de água geladíssima irrompeu do
banheiro feminino e acertou Alvo bem no meio do peitoril. A pressão era tanta
que ele balbuciou para trás enquanto seu corpo todo tremia de frio. A varinha
escorreu pelos dedos e suas vestes grudavam mais em seu corpo gelado. Mesmo tendo
de suportar todo o frio e aquele jato lhe banhando até os ossos, Alvo reuniu
forçar para gritar:
– Colin!
Faça alguma coisa para essa droga parar!
– Como? Sou só um fantasma! – gritou ele, de algum
lugar, em resposta.
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