– E que varinha legal a sua – comentou Escórpio
com os olhos vidrados no artefato de madeira, de não mais que vinte e quatro
centímetros, aparentemente meio flexível e com alguns entalhes próximos ao
punho de Amélia.
– Gostou? É de cipestre e núcleo de calda de uma
fênix doméstica de um cara amigo de Olivaras do norte do país. Vinte três
centímetros e meio – completou a garota orgulhosa.
– Bela varinha – disse Rosa com um chorinho.
Passados trinta segundos, Amélia já havia retomado
seu caminho e dado as costas para os três secundaristas, que por suas fez a
imitaram e tomaram seus caminhos. Alvo ficou matutando o que acabara de
ocorrer. Ele não esperava que uma garota (ainda mais uma como Amélia) fosse se
aliar a ele e principalmente de uma maneira tão formal e honrosa. Alvo não
imaginava que sua atitude em salvar Ashton fosse desencadear tantas reações
positivas entre os alunos. E talvez valesse a pena deixar que todos
descobrissem que foi ele o grande salvador.
– Só faltava ela pedir sua mão em casamento –
disse Escórpio batendo com seu cotovelo no braço de Alvo. – Oh, nobre Alvo
Potter, quer se casar comigo? Ei, não é
isso que vocês estão pensando! – berrou em resposta a dois alunos que
passavam. A garota da Corvinal parecia assombrada com o que ouvira, seu cenho
estava completamente contorcido em uma covinha saliente. O garoto lufalufino
parecia prestes a rolar no chão de tanto rir. Foi necessário meio minuto para
que ele pudesse se recompuser e parar de apontar. – Que idiota!
– Deixa comigo, eu vou dar uma lição nele. – Alvo
deu mais dois passos e esperou parado que os dois alunos continuassem a andar.
Ele não faria nada com a menina, mas o outro iria pagar por ter ridicularizado
seu melhor amigo.
Com um aceno de varinha, um estalo tomou contra do
corredor pouco movimentado e em seguida o garoto soltou um grito e caiu com as
nádegas no chão. Rapidamente o lufalufino começou a apalpar as costas descendo
cada vez mais à procura de algo em especial.
– O que? Alvo!
O que – Rosa exclamou surpresa – você fez com ele?!
– Dei um cuecão nele. Aprendi muitas azarações de
brincadeiras com esse livro aqui. – Ele girou a mochila pelo ombro e abriu o
zíper rapidamente e logo meteu as mãos e começou a caçar o livro de capa
alaranjada. – “A Arte das Brincadeiras,
de Unhas Encravadas até Orelhas Dilatadas. Tudo que os brincalhões precisam
para sobreviver na escola”. Eu não sabia o quão útil esses livros eram.
Sabe, se não fosse um desses, eu nunca saberia como fazer o banheiro atacar
Vaisey e Capper.
– Esse não é um livro que você deveria ler! – Rosa questionou mordendo
o lábio, apreensiva. – E desde quando você virou um brincalhão de
quinta-categoria?
– Desde que eu tomei conta que se eu não enfrentar
Finnigan e os outros eles vão fazer as forras comigo – respondeu Alvo
aborrecido por Rosa não entender que, naquela altura dos fatos, um livro como
aquele e uma sabedoria sobre feitiços pequenos para espantar valentões era de
vital importância. E ainda mais agora com todo aquelas especulações sobre o
salvamento de Ashton, se Alvo não tivesse o conhecimento de como espantar os
agressores, possivelmente ele não aguentasse fisicamente até o fim do ano.
– Isso é
jogo sujo, Alvo! Diga a ele, Escórpio! Diga que você concorda comigo...
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