querer te punir e aceitar o que fez, mas ainda há sonserinos como eu que te querem
fora daqui! Agora mais do que nunca!
A passagem da serpente de latão girou, mas Capper
continuou a prensar Alvo contra a parede de pedras da sala comunal. Outros
alunos da Sonserina chegavam do Grande Salão e se deparavam com aquela cena
bastante incomum. Um amontoado de estudantes se formou ao redor de Alvo e
Capper ficando completamente petrificados conforme iam processando o que estava
acontecendo. Alvo se sentiu como uma fera malcriada de um circo, sendo encarado
por uma platéia espantada com ele por ter feito algum mal a seu domador. Capper
também não parecia à vontade com os olhares e as miradas dos estudantes que
chegavam, mas o quartanista não deu nenhum sinal de que estaria disposto a se
desvencilhar de Alvo.
– Por que todos pararam? – berrou Bruto Nott, o
monitor da Sonserina, de algum lugar no final da fila de alunos. Sua voz, por
mais que fosse firme e audível, tinha de disputar espaço com as outras dezenas
de chiados e murmúrios que envolviam ainda mais dois sonserinos que eram
observados. – Eu sou o monitor! Será que dá para me darem licença?!
Aos trancos e barrancos, empurrando algumas dúzias
de sonserinos para os lados para tentar chegar à frente da fila, Bruto Nott
parecia uma minhoca se desvencilhando de uma quantidade absurda de galhos e gravetos
jazidos no chão úmido de uma floresta. Depois de berrar com dois alunos do
primeiro ano e empurrar outro do terceiro com tanta força que ele teve de se
apoiar em Ana Higgs para não cair, Bruto chegou ao centro do tumulto e ao ver o
que provocara tamanho rebuliço, ele ficou boquiaberto.
– O... o que vocês estão fazendo? – gaguejou o
monitor tentando não mostrar sua perplexidade diante do fato.
Pela primeira vez desde que prendeu Alvo em um
golpe sufocante, Capper desviou o olhar do garoto mais novo e os dirigiu até o
monitor, mas tudo isso aconteceu em menos de cinco segundos. Por um instante,
Capper parecia feliz por estar na presença de Bruto, como se esperasse que o
monitor o apoiasse.
– Estou cortando o mal pela raiz, Bruto – explicou
Capper voltando seu olhar para Alvo. – Foi ele. Foi Potter que estragou todo o
nosso plano. Foi ele que impediu que
Bennett fosse chorando ao colo de Crouch para pedir outra seleção! Potter
estragou tudo!
– Eu já sabia – respondeu Bruto, revelando não
estar nem um pouco surpreso. Capper vacilou ligeiramente e Alvo sentiu o braço
do garoto aliviar a pressão que exercia contra seu pescoço. O ar começou a
circular melhor por suas cavidades nasais e seus pulmões iniciaram um processo
doloroso de recuperação do ar perdido e de liberação do gás carbônico que ficou
retido por uma quantidade de tempo maior que o normal dentro de seu corpo. – Na
realidade acho que sempre soube. Eu tinha minhas suspeitas, se você quer saber.
E elas ficaram mais fortes quando, diferente da diretora, eu somei dois mais
dois. Se tivessem sido garotos de qualquer outra das outras casas, talvez tudo
fosse diferente, mas alguém de dentro da Sonserina...
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