– Então você foi frouxo! Traiu-nos! – gritou
Capper meio desnorteado e surpreso parecendo tomar conhecimento que estava
deixando Alvo mais confortável e voltando a fazer pressão contra o pescoço do
menino.
– Solte-o, Brian! – ordenou Bruto se precipitando
e avançando contra os dois garotos. O monitor agarrou o braço de Capper que
tentava estrangular Alvo e, sendo mais forte que o secundarista, o afastou,
mesmo que com dificuldades.
Alvo soltou um guincho agudo e caiu de joelhos no
chão. Seu pescoço estava mais vermelho que uma maçã e seus pulmões doíam tanto
que parecia que haviam sido apunhalados por mãos robustas e avassaladoras. Respirar
estava sendo tão doloroso quanto continuar preso no golpe de Capper, mesmo
assim era satisfatório não ter mais a garganta obstruída.
As mãos de Perseu e Lucas se prenderam em volta de
seus braços e fizeram força para colocá-lo de pé. Ainda bambo como um bêbado,
Alvo se colocou ereto com as pernas fracas dançantes. Sua vontade era de sacar
a varinha e azar Capper com alguns dos feitiços que aprendera em seu livro de
brincadeiras, mas a presença de Bruto e dos outros sonserinos não o ajudava.
Mesmo assim ele tinha de prosseguir. Reuniu ar o suficiente apenas para
proferir o que lhe interessava e não gastar além do necessário.
– O que ele quis dizer com trair?
Bruto olhou para Alvo como quem olhava para um
retrato ou uma fotografia que não lhe agradava. Havia pesar em sua mirada e uma
dose consideravelmente alta de culpa. Bruto baixou os olhos, talvez o que ele
dissesse poderia ser a coisa mais boba do mundo, mas dava para ver que feria
seus princípios e só de imaginar em tal já o humilhava.
– Eu sabia de todo o plano. Sabia de que o pessoal
da minha turma estava armando contra Bennett e que estavam recrutando
sentinelas e os garotos do primeiro ano para amedrontá-lo – Bruto olhou para
Capper. – Era meu dever como monitor informar a um professor ou a diretora e
inibir o seguimento da armação, mas eu aceitei calado. Sei que errei – agora
Bruto olhava para Alvo. – Mas eu sou da Sonserina! E mesmo que lá no fundo,
tendo de mascarar isso, eu também não tolerasse um sangue... Um nascido-trouxa na Sonserina!
– Não venha com arrependimentos, Bruto! – chiou
Capper. – Você não sofreu mais do que os outros que ficaram frustrados com a
intromissão de Potter! E você não teve de engolir água da privada! Esse garoto
é um tolo que acha que a Sonserina está muito bem com um sangue-sujo – Capper fez esforço para dar a máxima clareza em cada
letra das últimas palavras que dissera. Seus lábios se moveram bem lentamente
em movimentos exagerados para que ninguém tivesse dúvidas do que dissera. – Você
é tão sujo quanto Bennett, Potter! É um traidor do sangue descarado!
Agora foi a vez de Alvo retrucar. Ele já havia
normalizado os movimentos respiratórios dentro de seu corpo. Aquele tempo em
silêncio não foi mantido por tanto tempo porque ele era um menino acovardado,
mas sim porque ele estava fraco e precisava analisar seus pensamentos para não
falar besteiras e se perder em seu próprio raciocínio.
– Sinceramente, Capper, eu
não vejo nenhum problema de estar deste lado do barco. – Alvo começou a falar
com um sorriso desdenhador, como se ele estivesse
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