Se
fosse com Alvo, ele logo desconfiaria o porquê de logo em seguida a uma
enxurrada de gozações os sonserinos ficarem simpáticos e lhe mostrarem o
caminho seguro para os dormitórios, mas Ashton não teve a mesma percepção. Ele
também sabia que deveria ter alertado o garoto de que aquele não era o cominho
correto, mas algo o conteve. Aquela não seria a melhor hora e, caso estragasse
tudo, seria ele o mais odiado da turma. E lá no fundo, Alvo queria ver o que
aconteceria, mesmo que fosse para humilhar o novo rapaz.
–
O que será que as garotas vão pensar se descobrirem da tentativa de assalto as
roupas de baixo do garoto novo? – Cadu Branstone esticou o pescoço para ver
melhor o que aconteceria com Bennett assim que ele avançasse mais pelas escadas
que davam para os dormitórios femininos.
BANG! BANG! BANG!
Aconteceram
várias coisas ao mesmo tempo na sala comunal e Alvo teve de conter a gargalhada
dentro de sua garganta para não parecer um palhaço débil. O que aconteceu,
falando lenta e detalhadamente foi: assim que Bennett pisara no sexto degrau em
direção ao dormitório feminino um alarme mágico disparou e logo em seguida um
baque muito forte, seguido de um som semelhante ao de quando se tira uma rolha
muito rápida de um champanhe, acompanhou o choque do primeiranista com uma
muralha invisível que se projetou bloqueando a passagem. Depois as escadas se
transformaram em um escorrega como o de um tobogã e logo deu para se ouvir
Ashton caindo de costas e escorregando. Voltando a todo vapor à sala comunal e
só parando quando se encontrou com a superfície peluda de um tapete.
Houve
um estrondoso rugido de risos que superara em muito o barulho das engrenagens
da casa de máquinas. Alvo não soube como nenhum professor não foi chamado para
averiguar o motivo de tal zurro, devido a sua grande intensidade. Dingle se
limitou a olhar para a cara envergonhada e chorona de Bennett que se recompunha
todo encabulado.
–
Deveria haver placas para indicar os dormitórios corretos, não é? – perguntou
ele com um sorriso intimidante e meio macabro. – Mas adiantaria? Vocês trouxas
já sabem ler? Não é tão difícil assim. Não encare isso como um ritual de
iniciação, mas como um princípio de aceitação. Se conseguir passar por todas as
brincadeiras, sem chorar, delatar, sangrar ou surtar, nós te aceitaremos. Mas é
claro, há sempre uma outra opção. Fique livre para pedir para sair de nossa
casa, ou da escola, tanto faz, a hora que quiser. Nós ficaremos honrados em
chutar sua bunda para fora daqui.
Sem
dizer mais nada, Bennett seguiu caminho, pelas escadarias da esquerda, até seu
dormitório, onde mais surpresas lhe aguardavam.
Alvo
ficou observando o garoto nascido-trouxa magoado subir pelas escadas sem olhar
para trás. A sala comunal recomeçara a soar o barulho das conversas e das
gozações que continuaram a preencher o espaço.
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