terça-feira, 1 de janeiro de 2013

O Sonserino mais Odiado, pág 7



Se fosse com Alvo, ele logo desconfiaria o porquê de logo em seguida a uma enxurrada de gozações os sonserinos ficarem simpáticos e lhe mostrarem o caminho seguro para os dormitórios, mas Ashton não teve a mesma percepção. Ele também sabia que deveria ter alertado o garoto de que aquele não era o cominho correto, mas algo o conteve. Aquela não seria a melhor hora e, caso estragasse tudo, seria ele o mais odiado da turma. E lá no fundo, Alvo queria ver o que aconteceria, mesmo que fosse para humilhar o novo rapaz.
– O que será que as garotas vão pensar se descobrirem da tentativa de assalto as roupas de baixo do garoto novo? – Cadu Branstone esticou o pescoço para ver melhor o que aconteceria com Bennett assim que ele avançasse mais pelas escadas que davam para os dormitórios femininos.
BANG! BANG! BANG!
Aconteceram várias coisas ao mesmo tempo na sala comunal e Alvo teve de conter a gargalhada dentro de sua garganta para não parecer um palhaço débil. O que aconteceu, falando lenta e detalhadamente foi: assim que Bennett pisara no sexto degrau em direção ao dormitório feminino um alarme mágico disparou e logo em seguida um baque muito forte, seguido de um som semelhante ao de quando se tira uma rolha muito rápida de um champanhe, acompanhou o choque do primeiranista com uma muralha invisível que se projetou bloqueando a passagem. Depois as escadas se transformaram em um escorrega como o de um tobogã e logo deu para se ouvir Ashton caindo de costas e escorregando. Voltando a todo vapor à sala comunal e só parando quando se encontrou com a superfície peluda de um tapete.
Houve um estrondoso rugido de risos que superara em muito o barulho das engrenagens da casa de máquinas. Alvo não soube como nenhum professor não foi chamado para averiguar o motivo de tal zurro, devido a sua grande intensidade. Dingle se limitou a olhar para a cara envergonhada e chorona de Bennett que se recompunha todo encabulado.
– Deveria haver placas para indicar os dormitórios corretos, não é? – perguntou ele com um sorriso intimidante e meio macabro. – Mas adiantaria? Vocês trouxas já sabem ler? Não é tão difícil assim. Não encare isso como um ritual de iniciação, mas como um princípio de aceitação. Se conseguir passar por todas as brincadeiras, sem chorar, delatar, sangrar ou surtar, nós te aceitaremos. Mas é claro, há sempre uma outra opção. Fique livre para pedir para sair de nossa casa, ou da escola, tanto faz, a hora que quiser. Nós ficaremos honrados em chutar sua bunda para fora daqui.
Sem dizer mais nada, Bennett seguiu caminho, pelas escadarias da esquerda, até seu dormitório, onde mais surpresas lhe aguardavam.
Alvo ficou observando o garoto nascido-trouxa magoado subir pelas escadas sem olhar para trás. A sala comunal recomeçara a soar o barulho das conversas e das gozações que continuaram a preencher o espaço.

Nenhum comentário:

Postar um comentário