terça-feira, 1 de janeiro de 2013

O Sonserino mais Odiado, pág 6



Ashton Bennett apareceu após conseguir a permissão da serpente para passar para o dormitório. Ele parecia ter o coração na garganta quando entrou no recinto e todos os olhos se voltaram para ele. Todas as conversas haviam morrido. Certamente que o garoto se distanciara do grupo de calouros para ir ao banheiro, pois dava para notar suas mãos pingando de água e um pedaço de papal higiênico preso em seu tênis, o que gerou uma leva de risadinhas abafadas e piadinhas venenosas. Ele estava distraído e desengonçado, conseguindo fazer com que parte de suas vestes ficassem presas na tranca da passagem, e assim, com um solavanco, ele foi puxado para trás quando a passagem se fechou, caindo sentado no chão e fazendo o papel higiênico voar pelo recinto.
A sala comunal se encheu de risos, que preencheram o ar por um tempo até maior do que deveriam. As gargalhadas ficaram forçadas e irritantes. Bennett ajeitou as vestimentas e tentou sumir da vista dos outros sonserinos, mas era impossível. Ele olhou para os outros que lhe estudavam, ele estava muito tenso e vermelho.
– Achei que os trouxas já sabiam como passar por portas – gritou Teseu Flint de seu canto onde estava com seus amigos mal encarados. Alvo quase não o ouvira falar durante o primeiro ano.
– Não, Teseu, eles já sabem como comer com talheres – corrigiu Heth Vaisey, do terceiro ano. – Portas possuem trancas e maçanetas, é muito complicado para eles.
– Por que aqui tem que ser tão assustador? – murmurou Bennett para si próprio, mas acabou falando alto demais e deu a deixa para mais gozações.
– Porque nossa decoração é apenas para os fortes! – gritou Tibério Nott. – Para o nosso sangue-puro que consegue suportar a visão da morte e dessas criaturas! Espero que goste de cabeças de elfos! Há algumas novas em seu dormitório!
Vai para Lufa-Lufa! – berrou uma garota de feições finas que mais se assemelhavam a de um pterodátilo.
– Eu só queria ir para o meu dormitório – pediu Bennett amedrontado.
– É só seguir essas escadas – começou Lucas apontando para as verdadeiras escadas de pedra que davam para os dormitórios – e...
–... virar a direita, sem erro – completou Antônio Zabini. Deu para ver que ele continha o riso.
Alvo observou Bennett levantar sua mochila e atravessar altivamente o soalho de pedras negras e contornos verdes, passando entre os estudantes repentinamente silenciosos que enchiam a sala. Erminio Dingle, um aluno esnobe de óculos, mal encarado do sétimo ano, reclinava em uma cadeira escura de encosto alto e estofado com as pernas esticadas à sua frente, bloqueando o caminho de Bennett. O primeiranista se deteve, esperando que Dingle se movesse. Erminio fingiu não notar Bennett pela primeira vez. Depois ele sorriu e moveu suas pernas. Ashton revirou os olhos e continuou andando, envergonhado.

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