sexta-feira, 30 de novembro de 2012

O Regresso ao Castelo, pág 16


– Aaaaaah! – chorou Lana com um gritinho histérico se contorcendo ao lado do ombro de Lucas. – Que coisas são essas puxando as carruagens?! 
Todos olharam para as carruagens, mas logo constataram que não havia nada as puxando e que Lana deveria estar tendo alucinações. As carruagens estavam lá, vazias com os varais de madeira estendidos e molhados pelas gotas da chuva que caíam sobre eles e salpicavam. Porém Alvo sabia que Lana não ficara louca, nem estava vendo nada que não deveria estar vendo. Bem, ela só via porque passara por uma situação nada satisfatória.
– Lana, o que você está vendo são testrálios. São as criaturas que puxam as carruagens – explicou Alvo tentando acalmar a amiga.
– Você também os vê?
– Bem, não... os testrálios só podem ser vistos por que já viu a morte. Quero dizer, alguém leito da morte que, eh, acabou morrendo.
– Aham, eu entendi – garantiu Lana subindo na carruagem, que logo depois começou a se dirigir ao castelo.
Os seis ficaram em silêncio por um tempo. Silêncio. Não havia como ter silêncio com um temporal como aquele. A carruagem que cheirava a palha estava toda molhada e Alvo teve uma ligeira pena dos pobres testrálios que eram forçados a cavalgar debaixo daquela chuvarada toda.
– Ah, Lana, – começou Rosa envolta na capa de chuva como uma manta, ela tremia da cabeça até o dedão do pé – eu não quero parecer indelicada, sei que é um assunto que você não deve gostar muito de falar, mas... Quem que você viu morrer?
Lana encarou Rosa por uns instantes, depois desviou o olhar e ficou encarando o lado de fora da carruagem. Olhando para a estrada que se aproximava da entrada para o castelo de Hogwarts, o qual era ladeado por enormes pilastras com javalis alados no alto. Uma gota d’água balançava em seu nariz, e, assim que ela se desprendeu e caiu por entre suas vestes, ela disse:
– Você não está sendo indelicada, Rosa. Mas realmente é um assunto que eu não falo sempre. – Ela fez uma pausa, tentando reunir coragem para prosseguir. Ninguém disse nada, ninguém a forçou a continuar. – Bem, faz um tempinho. Minha bisavó já tinha muita idade, e estava no St Mungus para se tratar de uma doença. Ela sempre foi muita forte, já com certa idade ela abatera o auror Dawlish e duelara na Batalha de Hogwarts. Mas naquela noite ela estava fraca e pediu para que fôssemos ficar com ela, um pouquinho. Eu tinha... seis anos. Quando ela dormiu..., não acordou mais depois. E eu vi. Estava do lado dela, quase cochilando, mas eu estava acordada e segurava a mão trêmula dela. Quando ela parou de tremer, eu já sabia.
Alvo não soube distinguir se a água que escorria no rosto de Lana era da chuva ou uma lágrima, mas se fosse apostar todo o seu ouro em um palpite ele escolheria o segundo.

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