–
Aaaaaah! – chorou Lana com um gritinho histérico se contorcendo ao lado do
ombro de Lucas. – Que coisas são
essas puxando as carruagens?!
Todos
olharam para as carruagens, mas logo constataram que não havia nada as puxando e que Lana deveria estar
tendo alucinações. As carruagens estavam lá, vazias com os varais de madeira
estendidos e molhados pelas gotas da chuva que caíam sobre eles e salpicavam.
Porém Alvo sabia que Lana não ficara louca, nem estava vendo nada que não
deveria estar vendo. Bem, ela só via porque passara por uma situação nada
satisfatória.
–
Lana, o que você está vendo são
testrálios. São as criaturas que puxam as carruagens – explicou Alvo tentando
acalmar a amiga.
–
Você também os vê?
–
Bem, não... os testrálios só podem ser vistos por que já viu a morte. Quero
dizer, alguém leito da morte que, eh, acabou morrendo.
–
Aham, eu entendi – garantiu Lana subindo na carruagem, que logo depois começou
a se dirigir ao castelo.
Os
seis ficaram em silêncio por um tempo. Silêncio.
Não havia como ter silêncio com um temporal como aquele. A carruagem que
cheirava a palha estava toda molhada e Alvo teve uma ligeira pena dos pobres
testrálios que eram forçados a cavalgar debaixo daquela chuvarada toda.
–
Ah, Lana, – começou Rosa envolta na capa de chuva como uma manta, ela tremia da
cabeça até o dedão do pé – eu não quero parecer indelicada, sei que é um
assunto que você não deve gostar muito de falar, mas... Quem que você viu
morrer?
Lana
encarou Rosa por uns instantes, depois desviou o olhar e ficou encarando o lado
de fora da carruagem. Olhando para a estrada que se aproximava da entrada para
o castelo de Hogwarts, o qual era ladeado por enormes pilastras com javalis
alados no alto. Uma gota d’água balançava em seu nariz, e, assim que ela se
desprendeu e caiu por entre suas vestes, ela disse:
–
Você não está sendo indelicada, Rosa. Mas realmente é um assunto que eu não
falo sempre. – Ela fez uma pausa, tentando reunir coragem para prosseguir.
Ninguém disse nada, ninguém a forçou a continuar. – Bem, faz um tempinho. Minha
bisavó já tinha muita idade, e estava no St Mungus para se tratar de uma
doença. Ela sempre foi muita forte, já com certa idade ela abatera o auror
Dawlish e duelara na Batalha de Hogwarts. Mas naquela noite ela estava fraca e
pediu para que fôssemos ficar com ela, um pouquinho. Eu tinha... seis anos.
Quando ela dormiu..., não acordou mais depois. E eu vi. Estava do lado dela,
quase cochilando, mas eu estava acordada e segurava a mão trêmula dela. Quando
ela parou de tremer, eu já sabia.
Alvo
não soube distinguir se a água que escorria no rosto de Lana era da chuva ou
uma lágrima, mas se fosse apostar todo o seu ouro em um palpite ele escolheria
o segundo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário