sábado, 20 de outubro de 2012

A última reunião do Sr Tavares, pág 10



língua do malão mágico voltou para dentro da “boca” como um sapo após grudar uma mosca para seu degustar.
A tampa do malão se fechou com um baque, e Alvo ficou preso em seu interior. Era escuro e abafado, e a língua só se desprendera dele quando ele socara alguma coisa que provocara um rangido e depois um leve esganiçado. Em seguida uma lanterna se acendeu e ele pode ver as pontas dos dedos e os sapatos com grama grudada. Piscando, Alvo apanhara outro bilhete que caíra em seu colo, deixado por uma miniatura perfeita de Gregório Bradley.
“O curioso provara a pena mais leve. Não deve tentar meter a mão no que é dos outros, mas deve sempre manter seu desejo por saber, pois é ele que alimenta o conhecimento e ajuda no raciocínio. Pode sair de dentro de mim!
PS: Você é delicioso! J
Nostálgico e confuso, Alvo tateou pelo interior do malão fêmea à procura de sua aba. Ele começara a abrir, chegando a ter as narinas invadidas pelo frescor do ar da madrugada, mas antes que pudesse se espreguiçar e abandonar aquele lugar e voltar para a segurança de sua cabana, ele se deteve ao ver uma figura se aproximando com passos apressados e pesados.
Definitivamente não era Escórpio. O homem que andava acelerado era barrigudo e usava óculos. Não havia nenhum chapéu coco em sua cabeça, mas Alvo sabia que aquele era o Sr Tavares.
O garoto se agachou mais uma vez dentro do malão, fechando parcialmente sua aba, deixando um pequenino espaço, apenas para que seus olhos pudessem ver o que acontecia do lado de fora.
Tavares parou quase que na frente de Alvo. Ele estava nervoso e inquieto, pois suas pernas não paravam de balanças de um lado para o outro e seus sapatos ficavam ciscando na grama. Ele olhava para o relógio a cada segundo e fazia um incomum cacoete com o nariz. Fazendo seu bigodinho balançar de um lado ao outro. Tavares coçava a nuca com a varinha enquanto olhava ao redor, procurando algo em especial.
De repente, as sombras ao redor de Tavares começaram a tremeluzir. O bruxo deixou soltar uma exclamação quando a sombra de um gnomo de jardim começara a crescer de tal forma que chegou a se tornar maior do que ele. Outras sombras de pequenos objetos ganhavam proporção e se tornavam mais intimidadoras. Em seguida elas ganharam profundidade e espessura. Seus corpos se tornaram sólidos e elas começaram a se desprender do chão, como mortos vivos saindo da terra em filmes de terror.
Eram ao todo quatro formas que cresciam e rodeavam Tavares na calada da noite. Conforme se tornavam mais humanas, suas características se diferenciavam, tornando cada homem sombra mais único e distinto. Um era alto, com ombros largos

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