sexta-feira, 27 de julho de 2012

O Acampamento, pág 3


enquanto ajeitava com cuidado o boné sujo dos Malandros do Rio em sua cabeça quase careca. – Minha garota está novinha em folha, pronta para mais uma viagem. Mas talvez tenhamos de fazer uma parada rápida em Goiânia para trocar o óleo e encher o tanque. Tenho um amigo dono de uma oficina lá que pode nos fazer tudo por um preço muito bom. Sem falar que tem uma lanchonete para os garotos.
– Esse seu amigo não é aquele que lhe vendeu uma Cobra Lambe Fogo contrabandeada há seis semestres, é? – perguntou o diretor de maneira gozadora. Caeculo não respondeu, mas ao permitir que sua face ficasse ruborizada, não houve mais necessidade de respostas orais. – Muito bem. Alunos: infelizmente não poderei acompanhar vocês durante a viagem, nem estarei presente durante o jogo. Mas vocês terão a companhia da Profª Andrade e do Prof Fagundes durante todo o dia. Saibam que o ônibus partirá amanhã no mesmo horário que está deixando Bruxolunga, e que as atividades serão suspensas pelo período da tarde. Boa viagem à todos.
Quando finalmente todos os alunos e alunas de Bruxolunga estavam embarcados no grande ônibus de dois andares acoplados, o Prof Fagundes montou em sua cadeira de motorista como se ela fosse um cavalo selvagem à ser domado. Com seus fortes, porém curtos, braços de domar criaturas mágicas, ele puxou novamente a alavanca e as portas do ônibus se fecharam com um ranger de metal enferrujado. Depois ele rodou uma manivela que abrira lentamente os bagageiros laterais do ônibus. Por fim ele abriu uma caixinha de vidro próxima ao velocímetro do automóvel. Dentro dela havia um botão vermelho feroz, bem grande e redondo. E sem hesitar, o Prof Fagundes deu um soco no botão fazendo o trem tremer.
Longas fitas de aço em forma de asas de joaninha brotaram do bagageiro do ônibus instantaneamente. Fora tão rápido que parecera que elas eram como moléculas de ligas de aço se materializando no nada em questão de segundos. Depois uma lona muito fina as envolveu sem o auxílio de ninguém. Se contorcendo contra as fitas de aço até formarem uma enorme asa de inseto no ônibus.
O Prof Fagundes ficou em pé em sua cadeira e arriou um microfone até seus lábios, depois falou em alto e bom som:
– Senhoras e senhores, aqui é seu motorista, o Prof Fagundes. Aqui vão as regras de meu ônibus: não é permitido ficar fora de seus assentos ou andar com o veículo em movimento. Qualquer prática de feitiços ou azarações de ataque acarretará no confisco da varinha por tempo indeterminado. Caso tenham fome, nosso serviço de bordo, de alguma maneira que eu ainda não pensei, lhes servirá nossos esplendorosos sanduíches de peito de frango e atum. Vocês até podem tentar beber algo, mas eu não aconselho. Como professor e motorista eu desejo uma boa viagem à todos. São, hã, ponteiro grande no número dois e ponteiro pequeno no dez.
Ao fim de seu breve e ignorante pronunciamento, o Prof Fagundes recolheu o microfone para seu compartimento secreto e ligou a ignição do ônibus. Mais uma

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