–
Por que Mira-Fácil? – Alvo não pode
deixar de perguntar.
–
Por isso – e o fantasma mostrou suas costas para o garoto. O fantasma do duque
possuía enterrado em suas costas uma flecha espectral bem fincada entre seus
órgãos. Certamente Mira-Fácil estava mostrando para Alvo o motivo de sua morte
e de sua transformação em fantasma.
–
Então foi assim que o senhor morreu...
–
Não, rapazinho! – bradou Mira-Fácil,
emburrado. – Eu de morri susto depois
de descobrir que a Monarquia acabara! Ou melhor, morri ao beber a estúpida água de gilly da Profª Donato!
–
Sinto muito, senhor, ah, Sr Mira... Mas, eu só queria saber se o senhor saberia
me dizer como era essa pessoa que
você vira agora pela madrugada – Alvo tentava fazer com que Mira-Fácil não
ficasse mais irritado do que já estava, o que não seria bom para divulgar
informações nem para manter o castelo em sua atual quietude. – Sabe, se ele
tinha alguma característica de especial. Isso me deixou muito intrigado...
–
Bom, rapazinho, ele era, bem, sólido
se é o que você quer ouvir – começou o fantasma revirando os miolos e tentando
descrever o máximo do que vira da pessoa. – Estava de pijamas, e um pijama
muito feio por assim dizer.
–
Ele era aluno ou professor da escola?
–
Indiscutivelmente não – respondeu Mira-Fácil de supetão. – Era muito velho para
ser aluno e muito idiota para ser professor. E ele carregava algo em uma das
mãos.
–
Deu para ver o que era?
–
Claro que não! – rugiu o fantasma
voltando a ficar aborrecido. – Por Deus meu rapaz. Você deveria escolher melhor
suas perguntas. Afinal, transparentes aqui somente eu e meus colegas fantasmas.
Como eu poderia ver um objeto através de uma pessoa sólida?
Certamente
Mira-Fácil tinha dificuldades de estar na presença, ou conversando, com pessoas
sólidas e de carne e osso, ou melhor, vivas,
pois ele ainda deveria ter problemas com o fato de estar completamente morto.
–
Mas ele estava carregando algo sim, rapazinho. Algo pequeno o brilhoso e que se
pode conversar com outras pessoas, pois ele falava, e a menos que fosse biruta
(o que eu não duvido nada) ele falava com alguém de fora do pico. E ele ainda
ficou nervoso quando eu entrei na sala. Francamente,
é na sala de História da Duendidade que nós fantasmas nos reunimos para
festejar a morte.
–
Senhor Mira-Fácil... O senhor por acaso percebeu se essa pessoa possuía bigode? – Alvo já tinha uma opinião
formada sobre o misterioso ser vivo que perambulava pela escola na calada da
noite.
– O que eu disse sobre
fazer perguntas sem nexo, rapazinho?
Como eu poderia ver se ele ou ela tinha bigode
se estava escuro?! – e assim,
Mira-Fácil deu as costas para
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