terça-feira, 19 de junho de 2012

Trancabola, pág 6


– Por que Mira-Fácil? – Alvo não pode deixar de perguntar.
– Por isso – e o fantasma mostrou suas costas para o garoto. O fantasma do duque possuía enterrado em suas costas uma flecha espectral bem fincada entre seus órgãos. Certamente Mira-Fácil estava mostrando para Alvo o motivo de sua morte e de sua transformação em fantasma.
– Então foi assim que o senhor morreu...
Não, rapazinho! – bradou Mira-Fácil, emburrado. – Eu de morri susto depois de descobrir que a Monarquia acabara! Ou melhor, morri ao beber a estúpida água de gilly da Profª Donato!
– Sinto muito, senhor, ah, Sr Mira... Mas, eu só queria saber se o senhor saberia me dizer como era essa pessoa que você vira agora pela madrugada – Alvo tentava fazer com que Mira-Fácil não ficasse mais irritado do que já estava, o que não seria bom para divulgar informações nem para manter o castelo em sua atual quietude. – Sabe, se ele tinha alguma característica de especial. Isso me deixou muito intrigado...
– Bom, rapazinho, ele era, bem, sólido se é o que você quer ouvir – começou o fantasma revirando os miolos e tentando descrever o máximo do que vira da pessoa. – Estava de pijamas, e um pijama muito feio por assim dizer.
– Ele era aluno ou professor da escola?
– Indiscutivelmente não – respondeu Mira-Fácil de supetão. – Era muito velho para ser aluno e muito idiota para ser professor. E ele carregava algo em uma das mãos.
– Deu para ver o que era?
Claro que não! – rugiu o fantasma voltando a ficar aborrecido. – Por Deus meu rapaz. Você deveria escolher melhor suas perguntas. Afinal, transparentes aqui somente eu e meus colegas fantasmas. Como eu poderia ver um objeto através de uma pessoa sólida?
Certamente Mira-Fácil tinha dificuldades de estar na presença, ou conversando, com pessoas sólidas e de carne e osso, ou melhor, vivas, pois ele ainda deveria ter problemas com o fato de estar completamente morto.
– Mas ele estava carregando algo sim, rapazinho. Algo pequeno o brilhoso e que se pode conversar com outras pessoas, pois ele falava, e a menos que fosse biruta (o que eu não duvido nada) ele falava com alguém de fora do pico. E ele ainda ficou nervoso quando eu entrei na sala. Francamente, é na sala de História da Duendidade que nós fantasmas nos reunimos para festejar a morte.
– Senhor Mira-Fácil... O senhor por acaso percebeu se essa pessoa possuía bigode? – Alvo já tinha uma opinião formada sobre o misterioso ser vivo que perambulava pela escola na calada da noite.
– O que eu disse sobre fazer perguntas sem nexo, rapazinho? Como eu poderia ver se ele ou ela tinha bigode se estava escuro?! – e assim, Mira-Fácil deu as costas para

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