terça-feira, 19 de junho de 2012

Trancabola, pág 5


Que com certeza o puniria severamente por estar fora de seus aposentos durante a madrugada. A julgar pelo modo como Bellinaso descrevera o Sr Silva, o velho funcionário da escola não se importaria se Alvo era ou não aluno, simplesmente o colocaria em detenção sem antes retirar alguns pontos da primeira Casa que viesse à sua cabeça oca e mal informada. Se o Sr Silva o puniria, Alvo nunca soube, pois conseguira avistar e entrar em um banheiro antes que o zelador o encontrasse e mais importante, antes que não conseguisse mais segurar.
Ao sair do banheiro, mais aliviado e mais leve, Alvo não tinha outros pensamentos se não chegar a seu quarto o mais rápido possível antes que alguém notasse sua falta. Mas antes que pudesse chegar à sala de estar da Torre Oeste, um frio intenso apoderou dele. Cada músculo de seu corpo parecia ter entrado em contato com um enorme iceberg e o abraçado com vigor. Dava até para sentir os arrepios de seus pelos da nuca. Fora como se ele passasse por uma coisa muito gelada, mas não sólida.
– Olá, rapazinho – chamou um fantasma branco-pérola de um bruxo de aparência honrável e respeitosa trajado com roupas de época, mas não tão antigas quanto as dos fantasmas de Hogwarts. – Você deveria olhar mais por onde anda. Principalmente durante a noite quando os fantasmas aparecem.
Alvo não havia prestado atenção no fato de não ter encontrado nenhum fantasma rondando a escola durante o dia, visto que em Hogwarts fantasmas estarem nos corredores é algo tão certo quando alunos. E nenhuma pessoa com quem Alvo estivera mencionara o fato de que os fantasmas assombravam os corredores apenas durante a noite.
– Desculpe-me, senhor – pediu Alvo encarando o fantasma que flutuava a quase meio metro do chão. – Tive um inconveniente e tive de deixar meus aposentos às pressas.
– Humpf, é o segundo essa noite – resmungou o fantasma ainda flutuando. – Vocês britânicos deveriam ter mais cuidado quando experimentam a comida do Nordeste pela primeira vez. Se bem que o outro que esbarrara comigo não falava somente em inglês como você. Ele era daqui, com certeza, estava falando em sua língua, mas não era estrangeiro. Gorducho e resmungão. Sim, ele era.
Alvo arregalou os olhos. Quem estaria perambulando também o castelo pela noite? Teria ele um motivo urgente como o de Alvo ou ele não deveria mesmo estar lá? Mas se fosse um aluno, não deveria o fantasma o reconhecer? E se a pessoa que andasse pelos corredores não fosse aluno ou professor, mas talvez outro hóspede do castelo muito mal educado e irritante.
– Senhor fantasma... – começou Alvo, mas logo fora interrompido.
– Sou o Duque Epaminondas Herculano Rocha Aguiar das Terras Inabitadas e Inexploradas do Centro do Pantanal – apresentou-se o fantasma. – Mas os alunos desta escola me chamam de “Mira-Fácil”.

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