Que
com certeza o puniria severamente por estar fora de seus aposentos durante a
madrugada. A julgar pelo modo como Bellinaso descrevera o Sr Silva, o velho
funcionário da escola não se importaria se Alvo era ou não aluno, simplesmente
o colocaria em detenção sem antes retirar alguns pontos da primeira Casa que viesse
à sua cabeça oca e mal informada. Se o Sr Silva o puniria, Alvo nunca soube,
pois conseguira avistar e entrar em um banheiro antes que o zelador o
encontrasse e mais importante, antes que não conseguisse mais segurar.
Ao
sair do banheiro, mais aliviado e mais leve, Alvo não tinha outros pensamentos
se não chegar a seu quarto o mais rápido possível antes que alguém notasse sua
falta. Mas antes que pudesse chegar à sala de estar da Torre Oeste, um frio
intenso apoderou dele. Cada músculo de seu corpo parecia ter entrado em contato
com um enorme iceberg e o abraçado com vigor. Dava até para sentir os arrepios
de seus pelos da nuca. Fora como se ele passasse por uma coisa muito gelada,
mas não sólida.
–
Olá, rapazinho – chamou um fantasma branco-pérola de um bruxo de aparência
honrável e respeitosa trajado com roupas de época, mas não tão antigas quanto
as dos fantasmas de Hogwarts. – Você deveria olhar mais por onde anda.
Principalmente durante a noite quando os fantasmas aparecem.
Alvo
não havia prestado atenção no fato de não ter encontrado nenhum fantasma
rondando a escola durante o dia, visto que em Hogwarts fantasmas estarem nos
corredores é algo tão certo quando alunos. E nenhuma pessoa com quem Alvo
estivera mencionara o fato de que os fantasmas assombravam os corredores apenas
durante a noite.
–
Desculpe-me, senhor – pediu Alvo encarando o fantasma que flutuava a quase meio
metro do chão. – Tive um inconveniente e tive de deixar meus aposentos às
pressas.
–
Humpf, é o segundo essa noite – resmungou o fantasma ainda flutuando. – Vocês
britânicos deveriam ter mais cuidado quando experimentam a comida do Nordeste
pela primeira vez. Se bem que o outro que esbarrara comigo não falava somente
em inglês como você. Ele era daqui, com certeza, estava falando em sua língua,
mas não era estrangeiro. Gorducho e resmungão. Sim, ele era.
Alvo
arregalou os olhos. Quem estaria perambulando também o castelo pela noite?
Teria ele um motivo urgente como o de Alvo ou ele não deveria mesmo estar lá? Mas se fosse um aluno,
não deveria o fantasma o reconhecer? E se a pessoa que andasse pelos corredores
não fosse aluno ou professor, mas talvez outro hóspede do castelo muito mal
educado e irritante.
–
Senhor fantasma... – começou Alvo, mas logo fora interrompido.
–
Sou o Duque Epaminondas Herculano Rocha Aguiar das Terras Inabitadas e
Inexploradas do Centro do Pantanal – apresentou-se o fantasma. – Mas os alunos
desta escola me chamam de “Mira-Fácil”.
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