terça-feira, 19 de junho de 2012

Trancabola, pág 4


segunda janela, se via o acampamento dos Tigres que não haviam ido de deitar. Alguns alimentavam uma enorme fogueira multicolorida e faziam brincadeiras cantando cantigas que os animavam cada vez mais. Alvo pode reparar que conforme a cantoria se tornava mais animada e as brincadeiras mais empolgantes a tonalidade e a vivacidade da fogueira aumentavam. Na terceira janela a Floresta Sagrada banhava os olhos dos observadores e se estendia por todo o restante do pico. A quarta e última janela mostrava os dois campos esportivos da escola brasileira. O de quadribol estava impecavelmente cuidado, já o de trancabola precisava de certos reparos para ser tão belo quanto o vizinho.
– Você não vem dormir, querido? – perguntou Gina se aproximando de Alvo e o envolvendo com um dos braços. Alvo pode sentir o calor e ouvir os batimentos cardíacos da mãe. Gina estava tranqüila e feliz.
– Sim mamãe. Já estou indo.

Exatamente a meia noite Alvo acordou com um rangido. Um rangido de seu estômago.
Com algumas contrações na barriga, ele se levantou de sua cama no quarto que dividia com Tiago e Hugo. Olhando para os lados contatou que Tiago dormia em um sono profundo e fatalmente não acordaria por nada menos que uma explosão bem ao seu lado ou com o urro de sua mãe ao amanhecer. Hugo parecia estar tendo um sonho que logo se transformava em pesadelo e voltava a ser sonho.
Ele teria de correr para o banheiro rápido antes que o que estava dentro dele desse o grito de alforria. Mesmo descalço e com as cobertas enroscadas em sua perna direita, Alvo correu para fora de seu quarto e desceu as escadas pulando os degraus de dois em dois sem medo e não parava para averiguar se havia algum movimento ou gemido dentro dos quartos quando um dos degraus rangia.
Ele vira a porta que levava para o banheiro quando chegara do jantar. Era uma portinhola redonda ao lado de uma mesa de xadrez de bruxo.
Alvo a vira e com a mesma energia saltara para a maçaneta cor de barro e a girara. Mas nada acontecera. A porta estava trancada.
– Tá ocupado – lamentou o tio Rony de dentro do banheiro. Pelos sons que de lá vinham, ou Rony estava estourando pequenas cargas de Bomba de Bosta ou suas bombas eram completamente naturais e orgânicas.
Ronco.
O estômago de Alvo se contraíra mais uma vez. Os presidiários estavam se rebelando, alguma tragédia aconteceria se Alvo não voasse para um banheiro.
Alvo golpeou a passagem protegida pelo falcão cantor e partiu em disparada pelos corredores de Bruxolunga em busca de um banheiro. Ele também torceu para que o Sr Silva, o zelador, não fosse tão rígido quanto o Sr Filch, o zelador de Hogwarts.

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