segunda
janela, se via o acampamento dos Tigres que não haviam ido de deitar. Alguns
alimentavam uma enorme fogueira multicolorida e faziam brincadeiras cantando
cantigas que os animavam cada vez mais. Alvo pode reparar que conforme a
cantoria se tornava mais animada e as brincadeiras mais empolgantes a
tonalidade e a vivacidade da fogueira aumentavam. Na terceira janela a Floresta
Sagrada banhava os olhos dos observadores e se estendia por todo o restante do
pico. A quarta e última janela mostrava os dois campos esportivos da escola
brasileira. O de quadribol estava impecavelmente cuidado, já o de trancabola
precisava de certos reparos para ser tão belo quanto o vizinho.
–
Você não vem dormir, querido? – perguntou Gina se aproximando de Alvo e o
envolvendo com um dos braços. Alvo pode sentir o calor e ouvir os batimentos
cardíacos da mãe. Gina estava tranqüila e feliz.
–
Sim mamãe. Já estou indo.
Exatamente
a meia noite Alvo acordou com um rangido. Um rangido de seu estômago.
Com
algumas contrações na barriga, ele se levantou de sua cama no quarto que
dividia com Tiago e Hugo. Olhando para os lados contatou que Tiago dormia em um
sono profundo e fatalmente não acordaria por nada menos que uma explosão bem ao
seu lado ou com o urro de sua mãe ao amanhecer. Hugo parecia estar tendo um
sonho que logo se transformava em pesadelo e voltava a ser sonho.
Ele
teria de correr para o banheiro rápido antes que o que estava dentro dele desse
o grito de alforria. Mesmo descalço e com as cobertas enroscadas em sua perna
direita, Alvo correu para fora de seu quarto e desceu as escadas pulando os
degraus de dois em dois sem medo e não parava para averiguar se havia algum
movimento ou gemido dentro dos quartos quando um dos degraus rangia.
Ele
vira a porta que levava para o banheiro quando chegara do jantar. Era uma
portinhola redonda ao lado de uma mesa de xadrez de bruxo.
Alvo
a vira e com a mesma energia saltara para a maçaneta cor de barro e a girara.
Mas nada acontecera. A porta estava trancada.
–
Tá ocupado – lamentou o tio Rony de dentro do banheiro. Pelos sons que de lá
vinham, ou Rony estava estourando pequenas cargas de Bomba de Bosta ou suas
bombas eram completamente naturais e orgânicas.
Ronco.
O
estômago de Alvo se contraíra mais uma vez. Os presidiários estavam se
rebelando, alguma tragédia aconteceria se Alvo não voasse para um banheiro.
Alvo golpeou a passagem
protegida pelo falcão cantor e partiu em disparada pelos corredores de Bruxolunga
em busca de um banheiro. Ele também torceu para que o Sr Silva, o zelador, não
fosse tão rígido quanto o Sr Filch, o zelador de Hogwarts.
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