–
Nunca fiz essa pergunta – admitiu Pedro recostando em uma cerejeira e vendo
Lílian e Hugo brincarem na beira da lagoa. – Só não vão brincar mais para o
fundo. Tem uma pequena colônia de Botos-Cor-de-Rosa e a Iara já disse que não
quer mais humanos nadando perto de sua casa.
–
Botos de que? Iara quem? – Tiago mal conseguia formar uma frase com todos esses
nomes de criaturas novas.
–
São animais de nosso país. Vocês já não têm explosivins e hipogrifos. Nós temos
o boto, a Iara, a Mula sem Cabeça, e o Curupira. É por isso que a Floresta
Sagrada é proibida para nós alunos. Todos nós sabemos que as lendas sobre o
curupira são verdadeiras. Ele é uma criaturazinha que parece um menino de
cabelos cor de foco com os pés para trás. Ele confunde os caçadores – e alguns
alunos, e os mantêm presos na floresta. E a Mula sem Cabeça, eh, o nome já diz
tudo. Só que ela jorra fogo pela cabeça – explicou o garoto brasileiro como se
tivesse decorado cada palavra de um livro de Trato das Criaturas Mágicas. –
Heraldo Costa já viu uma quando cumprira detenção na floresta. E alguns
espalham que há um lobisomem mais para a parte oeste. Nunca soube de nada, e
nem quero entrar lá para saber.
–
Parece um lufalufino – deixou escapar Alvo.
–
Está falando com um completo sonserino, Alvo-fofoqueiro – respondeu Tiago
rispidamente.
–
Ei, podem traduzir para mim? – interrompeu Pedro com cara de desentendido. –
Lufalufino, sonserino... Que diabo é isso?
–
São nossas casas em Hogwarts, depois falamos mais sobre elas – prometeu Rosa
enfiando os dedos dos pés na terra úmida. – E as casas daqui? Por que: grifos,
tigres e jaguares?
–
A história se baseia na época da Idade Moderna, quando o Brasil abrigou uma verdadeira escola de magia. Foram três
irmãos versados em magia com descendência européia que escalaram o Pico da
Neblina e construíram aqui o Colégio Interno de Magia Bruxolunga. Os irmãos
Leopoldo, Leocádio e Isabel Gonzaga eram os mais habilidosos e poderosos bruxos
daquela época por essas bandas de cá. E cada um possuía um animal como patrono.
Cada um usou esse patrono para nomear sua Casa aqui na escola. Leopoldo era: o
Tigre. Corajoso e destemido, sobrevivente de grandes expedições pela mata e
Senhor das Savanas. Seu maior dom era o amor pela natureza, e seu pior defeito
era o exibicionismo exagerado. Os alunos dos Tigres o seguem com algumas de
suas características e são selecionados para sua Casa. Sua cor é a laranja.
“Leocádio
era: o Jaguar. Fundador de minha casa, ele era o irmão do meio. Era muito
calculista e tinha uma memória de se invejar, mas não conseguia estar no
alcance dos holofotes sem se tornar arrogante. Este é o carma dos membros de
nossa Casa, mas nós somos legais. Nossa cor, como vocês podem ver, é o verde
musgo.”
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