melhores circunstâncias, nós nos daríamos muito bem. Se me permite dizer, acho que você se assemelha um pouco comigo quando eu tinha sua idade. Mas este não é o seu mundo, Alvo. É o meu. O seu mundo está abalado e só você pode restaurar o equilíbrio momentaneamente. Você deve voltar, e explicar para todos o que aconteceu.
– Mas vou assim, sem mais nem menos? – Alvo estava realmente chateado por ter de deixar aquele mundo. – Depois de tudo o que aconteceu de tudo e todos que vi! Terei de voltar para um duelo que com certeza não posso vencer, desta forma?
– Você achou que eu lhe deixaria na mão? – Ambratorix ergueu uma das sobrancelhas e Alvo não pode deixar de escapar um sorriso fosco. – Você viu muito daqui, Alvo... E como parente seu não poderia deixá-lo voltar para a beira da morte. Além do mais, quero lhe dar um presente.
Ambratorix olhou para os céus como se esperasse que uma caixa retangular, embrulhada com papel celofane azul amarrado com uma fita comemorativa vermelha e um cartão de Natal, fosse aparecer do nada, piruetando por entre as nuvens. Quando Alvo baixou os olhos para onde todos seus parentes e conhecidos mortos estavam há poucos segundos reparou que todos haviam desaparecido. Aquela sensação de solidão e vazio o fez lembrar-se de sua família. De seus pais, de Lílian e de Tiago, além de todos seus tios e primos. Sentiu um aperto no peito, e se sentiu culpado que por um instante, preferiu abandonar a todos somente para ficar em um mundo menos caótico e maluco com um artesão biruta, porém sábio e imagens de parentes mortos, os quais ele não poderia tocar.
– Aqui está! Perfeito! – Ambratorix juntou as duas mãos próximo onde estava há alguns minutos Charlus Potter. À primeira vista Alvo imaginou que Ambratorix havia pegado o vento. Mas quando ele virou-se de lado, percebeu que era uma tira de ouro tão fina que podia enganar os olhos de um humano comum. – Vai ser divertido, hum? Não deve demorar mais de um minuto e quarenta e cinco segundos.
E assim, comprimiu a tira de ouro maciço como se fosse feito de papel de arroz japonês. Ele começou a dobrá-lo e apertá-lo como se fosse uma macinha para crianças.
– Pronto, aqui está! – exclamou Ambratorix indicando um galeão novinho em folha e, repentinamente, atirou-o para Alvo.
O garoto pegou a moeda de ouro graças a seus reflexos de quadribol. Era igual a qualquer outro galeão que ele já havia recebido. Alvo o tateou ingenuamente, imaginando em que ele iria gastar aquela moeda.
– Não se atreva a trocar esta moeda por um pacote Super-Família de Varinhas de Alcaçuz! – ordenou Ambratorix como se lesse os pensamentos de Alvo. – Até porque nenhum bom lojista a aceitará. Veja em seu contorno, repare nos detalhes, como um bom artesão.
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