escreveu. Mas não gostaria de misturar fatos reais com lendas urbanas. São várias as maneiras de iniciar esta narrativa. Eu, Julieta Revalvier, prefiro esta:
“Há muitos anos um bruxo, ainda na flor da idade, vagava sem nenhum rumo por uma estrada de terra ao raiar do dia. Aquele bruxo era um renomado artesão que fora agraciado por divindades a possuir o dom de criar qualquer objeto, desde fundir metais a construir varinhas e vassouras. Ninguém sabia seu verdadeiro nome. A cada parada em cada cidade ele se identificava como uma pessoa diferente. Seu aclamado dom possibilitara ao artesão o preparo de poções com perfeição. Sua principal arma era a Poção de Troca Temporária de Personalidade Humana, ou como se diz, Poção Polissuco. Porém esse artesão não poderia ser envolto somente com auras agraciadas e divinas. Um de seus maiores pecados eram a avareza e o egoísmo. E seu pior habito era o incontrolável desejo de contar aos outros, o que deveria ser segredo de seus confidentes. Sua notável habilidade de fofocar gerou, entre os bruxos que o conheciam através de seus trabalhos artesanais ou balísticos, o apelido de O Bruxo Linguarudo. Como o artesão vagava de cidade em cidade, sem tempo fixo ou data certa de despedida, ele era um homem solitário, mas muito bem camuflado, pois como os deuses gregos costumavam fazer – e o artesão seguia suas regras como um devoto segue seus mandamentos – o artesão costumava passar sua estadia em cada vila com uma mulher diferente. O único problema era que ele geralmente a engravidava. Porém certa vez o artesão acabou se apaixonando por uma trouxa que pouco ligava por suas artes de modelar. A trouxa já estava de data marcada para esposar com um poderoso duque, mas nada que pudesse irritar o artesão, que loucamente utilizou de toda sua experiência para encantar a jovem. Quando finalmente conseguiu que a jovem se apaixonasse por ele, o boato de que ele estava tentando conquistar a bela jovem chegou aos ouvidos do duque, fazendo com que pela primeira vez o artesão sentisse de seu próprio veneno. Louco por ter sido traído pela mulher que um dia ele amara, o duque resolveu se vingar do artesão e da jovem de uma só vez, já que não possuía mais nenhum sentimento pela tal o duque resolveu envenená-la. Louco o artesão jurou vingança ao duque e assim deixou a cidade em busca de alguma magia que pudesse enfim, trazer sua amada de volta a vida. “E foi nesta estrada de terra suntuosa e esburacada que o artesão desacreditado e envolto por uma sede de vingança descobriu um meio de realizar seu sonho de trazer a jovem de volta.”
“Já eram seis e meia da manhã, após aquela longa caminhada sem destino, quando o artesão caiu no chão desacreditado da vida. Ele não esperava nunca mais voltar a encontrar sua amada. Louco por ter sido enganado por um duque desonesto e indigno de esposar-se com uma doce e honorável dama como a que ambos disputavam, o artesão deitou-se no chão de terra imitando um morto. E assim esperara para que a morte o abrasasse após alguns dias sem água ou comida. Como
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