o bruxo artesão previra, ao fim da segunda noite deitado naquela terra esquecida por Deus, a Morte apareceu na espreita como um abutre à espera de sua comida. Seus braços esqueléticos se esticaram para abraçar o artesão por uma última vez, porém o bruxo continuava lúcido e aproveitou a oportunidade para abordar a Morte cara a cara. Sem mais nenhum medo, sem nenhuma preocupação.”
“Revoltada por ter sido enganada por um mero mortal, a Morte quis humilhar o bruxo e brincar com sua mente, forçando-o a reviver os momentos que ele passara junto de sua amada dama. Quando o homem já estava próximo de um colapso nervoso a Morte resolveu fazê-lo sofrer ainda mais. Ela estava convencida a prender o homem em sua forma viva para ele vagar pelo resto da eternidade sozinho, somente revivendo mentalmente como fora bom estar com sua dama. A Morte então começou a ludibriar e encher a mente do artesão desesperado de mentiras. Ela alegou que poderia aprimorar as habilidades do artesão fazendo com que ele pudesse construir algo nunca antes imaginado, bastando receber apenas um presente vindo do artesão. Esse, porém, não queria perder a oportunidade de realizar suas vontades e desejos. Então ele pediu a Morte à habilidade de criar um objeto, ou um portal, capaz de trazer de volta aqueles queridos já levados por ela. Relutante, a Morte acabou aceitando o pedido. Mas sem contar ao artesão, acabou levando o pedido ao pé da letra, concedendo-o o poder de construir a ferramenta, mas não de usá-la. Como troca de favores a Morte recebeu seu presente após realizar o desejo do artesão. Em troca, a Morte recebera parte da alma do bruxo, condenando-o a vagar pelo mundo dos vivos até que sua obra fosse completada.”
“Se passados anos, a notícia de que o artesão retornava para matar o duque que fora tão severo com ele se espalhara por vários reinos. Pelo que se sabe fora o artesão quem provocara a avalanche que levara a carruagem do duque e de sua nova família, mas isso são apenas hipóteses.”
“Décadas se passaram, e quando percebera que somente quando terminada sua obra poderia partir, o artesão dedicou cada segundo de sua existência imortal trabalhando no que ele batizara como Olho entre os Mundos. Mas, infelizmente, por conta de sua irresistível vontade de gabar-se de si próprio e de mentir esposar-se com as filhas dos donos de fazendas, o artesão ganhou muito foco junto aos nomes de bruxos a serem seqüestrados ou assassinados, mas nenhum caçador de recompensas conseguiu aprisioná-lo. Finalmente o artesão sem nome verdadeiro conseguiu completar sua obra. A ferramenta hexagonal em forma de caixão capaz de trazer os mortos de volta à vida e contrariar todas as leis da magia estava pronta. Todavia, no último segundo, quando o artesão estava próximo de ativar a máquina e trazer sua mulher de volta, a Morte apareceu, pronta para levá-lo. Como último suspiro de vida, o artesão selou sua obra, de certa maneira que impedia os mais ousados de abri-la. Somente as pessoas certas e de coração puro poderiam utilizar da
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