domingo, 11 de setembro de 2011

O Conto do Bruxo Linguarudo, pág 10


humilhante, momento a Profª Revalvier fechou seu livro de mil anos e ergueu seus olhos azuis da cor do mar para a turma.
– Conseguem ver? – perguntou a professora em um tom amigável baixando seus olhos vagos sobre a turma e erguendo com sua mão magrela seu livro feito de papiro. – Eis comigo uma das obras mais raras e fascinantes da história do mundo da magia. Uma obra prima, digna de ser chamada de best-seller, caso fosse escrita nos tempos atuais. O Cântico. Uma obra sem quaisquer registros sobre seu verdadeiro autor, mas capaz de tocar profundamente seus corações e suas almas. O Cântico consegue revelar-lhes um reino intocável, forjado por pedras soltas e desiguais. Um reino que mesmo pronto nunca foi encontrado ou utilizado por uma única alma pura humana. Como pode? Vocês crêem que uma fortaleza como essa poderia ser destruída por uma simples poeira? A poeira do tempo é uma das mais poderosas armas naturais. Não há matéria, líquida ou sólida, não há objeto, jóias ou barro que possam superá-lo. Somente um dom é capaz de seguir imortal, a palavra e a rima afinal, nunca, se sempre cultivadas, chegaram a seu final.
A Profª Revalvier suspirou, e com o corpo cansado e frágil, como se acabasse de lutar contra um trasgo, repousou o livro sobre sua escrivaninha. Os alunos não sabiam se aplaudiam ou se mergulhavam em lágrimas. Por fim tomaram a melhor das decisões, permaneceram em silêncio.
– Um trecho retirado das últimas páginas do livro – afirmou a professora com uma voz mais rígida, comum em professores. – Como disse, não há nenhuma informação sobre o autor. Não se sabe em que época, ou em que língua original fora escrita. Mas, como o próprio autor escreveu, sua obra conseguiu superar a poeira do tempo através das rimas e das palavras contidas nela. Não se sabe quem há começou, mas até hoje a festa continua. Em quanto existir música nesta festa e pessoas dispostas a dançá-la, a festa nunca irá acabar. Qual é a fortaleza descrita? Quem a forjou? Por que as pessoas a perderam de vista? Está, talvez, pode ser a prova de que O Cântico é uma obra mais velha do que nossas cabeças consigam imaginar...
Alvo olhou discretamente para seus dois colegas ao seu lado. Ísis possuía meio pergaminho lotado de belas palavras escritas por sua caligrafia feminina. Lívio também possuía boa parte de seu pergaminho escrito, porém com uma letra não tão formosa quanto à de Ísis. Alvo sabia que deveria estar escrevendo algo, mas na verdade não sabia exatamente o que escrever. Pelo canto do olho Alvo espiou mais à frente. Lucas era outro aluno que escrevia rapidamente em seu pergaminho, mas ele logo se tranqüilizou quando percebeu um dragão junto às palavras do amigo. 
– O mundo mágico é muito, muito antigo. O que torna as histórias e contos mágicos ainda mais antigos. O que, de um ponto de vista literário, é bom, pois enriquece cada história com mais detalhes, costumes e gostos de sua época original – continuou Revalvier, fazendo gestos para os vários livros empilhados sobre as

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