– Seu padrinho me contou que você receia que eu
seja um assassino – a naturalidade na voz do professor era estranha, sinistra e
incômoda a Alvo. – Eu pedi que a Srtª Longbottom permanecesse em sala para me
desculpar por ter feito-a presenciar a utilização da Maldição Cruciatus, acho que nenhum Longbottom
aguenta mais presenciar alguém a utilizando. No seu caso é diferente, Potter.
Eu quero que acredite em mim, que me permita olhar dentro de seus olhos e dizer
sem medo ou hipocrisias... Eu sou
inocente! Sou seu amigo e posso te ajudar.
Alvo ouviu as palavras do professor com atenção e por
um instante considerou aceitá-las. Mesmo vindo de um homem que ele suspeitava desde
o primeiro momento em que o vira, parecia que pela primeira vez Buttermere estava
sendo totalmente franco com ele.
Naquele instante, Alvo se lembrou de todas as suspeitas
que seu pai um dia tivera contra o Prof Snape e que no final se provaram injustas
e erradas – embora Snape fizesse extremamente bem seu papel de carrasco. Ainda assim,
Alvo não pode inteiramente confiar em Buttermere. Ele era esperto, sem sombra de
dúvidas e poderia muito bem despistá-lo. Mesmo assim, Alvo decidiu não prolongar
o assunto e respondeu:
– Confesso que não gosto de você – foi como tirar
uma bagagem de duzentos quilos dos ombros. – Preferia o Prof Silvano. Achei que
você era exibicionista, principalmente quando me desafiou para duelar e achei
que era um assassino, assim que deixou que Amélia enfrentasse a quimera
sozinha. Tive medo todas as vezes que cruzei aquela porta para suas aulas, e
principalmente depois que te vi executar duas Maldições Imperdoáveis hoje. Como
sonserino eu deveria dar as costas para suas palavras e continuar a crer que
você é meu inimigo. Mas como um Potter estou sempre disponível a ouvir suas palavras.
Lamento pelas vezes que eu te acusei sem provas. Desculpe-me...
– Desculpas aceitas – o professor falou com a
maior naturalidade do mundo, bebericando mais um pouco seu chá. Por entre a
forma de porcelana da xícara, Alvo teve certeza de ter visto um sorriso brotar,
um sorriso singelo. – Eu também não gosto de você, Potter. Prefiro mais o
furanzão de sua prima... Ah, eu não o roubei, ele veio até mim porque parece
gostar de intimidar escaravelhos vermelhos. Além disso, devolvo a Sonserina os
cinquenta pontos que tirei naquele dia lamentável.
Alvo não pode deixar de sorrir. Não tinha graça,
mas mesmo assim ele sentiu vontade de esboçar um sorriso. Por quê? Ele mesmo
não sabia. Entretanto, sabia que havia verdades nas palavras de Buttermere, mais
verdades de que as suas próprias continham, pois Alvo teve cuidado de falar exatamente
o que queria, sem inocentar previamente o professor de suas acusações, uma vez que
qualquer um poderia ser culpado. Também concluiu que havia ganhado um novo aliado.
O qual era um bonequinho feito de cera que se escondia dentro de sua mochila e que
poderia fazer quase tudo que ele ordenasse.
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