domingo, 20 de outubro de 2013

O Buscador de Cera, pág 17



o número quinze e o número dois, não é? – Alvo percebeu que aquilo foi uma piada, mas não fez esforço em rir junto com Régulo. – Mas nos dias de hoje, prudência é o que menos se leva em consideração, certo menino?
Fez um momentâneo silêncio na sala, o qual deu para se ouvir o que acontecia fora do gabinete do Prof Buttermere. Uma cadeira havia sido arrastada pela taboa de correr da sala e deu-se para ouvir a voz do professor se despedindo de Lana. A conversa entre os dois chegava ao fim e a menina já estava deixando a sala. Seus passos eram bem audíveis.
– Ah, ok! Claro, como quiser... Então está feito, você é meu aliado?
– Sim...
– Ótimo! Então como primeira ordem eu quero que você volte a ser boneco! – e completou rapidamente antes mesmo que Régulo pudesse começar a protestar. – É momentaneamente, você já vai voltar à vida... São só, uns minutinhos... Ok? Quando quiser... Só fazer sua magia!
Por um instante Alvo pensou que o shabti iria relutar em acatar sua primeira ordem. Durante alguns segundos ele continuou animado, olhando para Alvo com curiosidade e desconfiança, talvez temendo que houvesse mentiras nas palavras do novo mestre. Porém, para grande alívio do menino, Régulo acatou seu desejo.
– Meu dever foi cumprido – afirmou Régulo, voltando a ser somente um boneco branco.
Do lado de fora dava para perceber que o Prof Buttermere se aproximava, seus passos ecoavam pelos degraus da escada que rangiam.
Saltando para ganhar tempo, Alvo largou Régulo dentro de sua mochila e coletou da mesa do professor as pernas amputadas do boneco. Somente por precaução, ele colocou os dois toquinhos de cera em lugares diferentes de sua mochila, para ter certeza que Régulo não se tornaria um ser animado de novo, se concertasse e aproveitasse a oportunidade para escapar.
– Demorei muito? – perguntou o professor ao abrir a porta de seu gabinete particular.
Alvo negou com a cabeça. Não queria falar, por enquanto, pois daria sinais de que estava nervoso e tenso.
– Vejo que não quis o chá – prosseguiu o professor ignorando-o por uns instantes e se dirigindo ao fogão. Com um aceno de varinha ele fez com que uma xícara e um pires saíssem de um armário escondido por entre pergaminhos e com mais alguns movimentos leves e suaves, ordenou que o bule o servisse com o chá quente e cheiroso que antes fervia. – Noto cada vez mais que você não é um menino fraco, Sr Potter. Seria displicente aceitar qualquer tipo de alimento ou bebida de alguém que você desconfia... – ele bebericou o chá como se fosse um passarinho. – Mas é uma pena, porque o chá está muito bom. Mas eu não o culpo. Desde nossa primeira aula juntos não tenho lhe dado motivos muito concretos para gostar de mim. E ainda acredito que você tem fortes indícios e suspeitas de que fui eu quem despertou o Percimpotens Locomotor, o que causou a morte de sua amiga Amélia e dos outros.
Alvo não conseguiu formar uma frase que respondesse diretamente ao professor. Mas mesmo sem dizer nada, Buttermere parecia ter entendido tudo.

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