– Eu não sou seu inimigo, shabti... Afinal de contas, você tem nome?
– Me chamam de O Buscador de Cera número 14. Mas o
mestre não perderia seu precioso tempo me batizando com um nome mais
específico. Ele tem mais dezenove shabtis,
para que perder tempo decorando vinte nomes?! – o shabti queria parecer que não se importava, mas estava evidente seu
ressentimento por não ter um nome.
– Eu sou bom em dar nomes àqueles que não têm
nome. No ano passado eu dei um nome fantasmagórico a um amigo fantasma meu e
ele gostou bastante...
– Amigo
fantasma! – o shabti deu uma
gargalhada que mais parecia um arroto. – Você sem dúvidas é um garoto
diferente. Não é a toa que conseguiu me invocar.
Deixando o shabti
de lado, Alvo começou a pensar em um bom nome para o buscador de cera. Ele
deveria considerar que o shabti seria
bem mais que um brinquedo ranzinza com cinto de cabelo e com problemas de alto
estima. Ele analisara o boneco como um amigo que estivesse sempre disposto a
ajudar, que fosse leal a seu mestre – mesmo que secretamente desejasse sua
morte para ter direito à liberdade. Alvo quisera rir por um instante, mas
ficara focado na tarefa de batizar o buscador de cera.
– Régulo – falou Alvo para o shabti. – Agora esse vai ser seu nome.
O shabti
revirou seus olhos leitosos e opacos, considerando o novo nome.
– Bem, não é um nome comum, não é... – o shabti parecia propenso a aceitar ser
chamado de Régulo. – Pelo menos não haverá mais dezenove shabtis com o mesmo nome que eu. Tendo de ser diferenciado apenas
por um número, como se eu fosse um simples produto à venda na loja de
quinquilharias. Humpf! É não é de nada mal... Obrigado, garoto. Mas não venha
com essa de que só porque me batizou pensa que eu serei seu subalterno...
Desta vez, Alvo não resistiu ao riso.
– Mas você bem que poderia ser mais bem agradecido
– falou o menino tentando prender Régulo em sua teia de articulações e tramoias. Não seria uma armadilha para Régulo cair, mas sim um motivo a mais
para o shabti se aliar a ele. – Vocês
shabtis gostam de trabalhar, não é,
são como elfos domésticos? Li isso em um dos livros do Prof Buttermere. E tem
magias como a deles. Você fica ali naquele armário pegando poeira, correndo
risco de ser atacado por aquele furão estúpido da minha prima. Poderia se aliar
a mim. Se aceitar, você teria mais atividades do que nunca. Eu preciso de
alguém como você, Régulo, a escola precisa...
– Eu deveria te dar um beliscão ou conjurar uns
salgadinhos sabor queijo em forma de piranhas na sua cueca e dar vida e elas
por você ter me comparado a um elfo doméstico, humano... – Régulo emburrou a
cara, o que fez parecer que alguém havia passado seu rosto de cera em um
ralador de queijo. – Contudo... Já faz tempo que o mestre não me tem utilizado,
o número doze e o número sete são os que são mias requisitados, mas também isso
é que dar serem esculpidos com braços do tamanho de pernas. Acho que o mestre
nem daria pela minha falta se eu desaparecesse.
– Está pensando em considerar minha proposta, Régulo – Alvo pensou que, chamando o shabti pelo novo nome, havia mais
chances do boneco confiar nele.
– Não seria prudente deixar
o armário somente com dezenove bonecos, são muitas viagens que nós fazemos, com
aqueles frascos, mas vamos deixar mais trabalho para
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