domingo, 20 de outubro de 2013

O Buscador de Cera, pág 16



– Eu não sou seu inimigo, shabti... Afinal de contas, você tem nome?
– Me chamam de O Buscador de Cera número 14. Mas o mestre não perderia seu precioso tempo me batizando com um nome mais específico. Ele tem mais dezenove shabtis, para que perder tempo decorando vinte nomes?! – o shabti queria parecer que não se importava, mas estava evidente seu ressentimento por não ter um nome.
– Eu sou bom em dar nomes àqueles que não têm nome. No ano passado eu dei um nome fantasmagórico a um amigo fantasma meu e ele gostou bastante...
Amigo fantasma! – o shabti deu uma gargalhada que mais parecia um arroto. – Você sem dúvidas é um garoto diferente. Não é a toa que conseguiu me invocar.
Deixando o shabti de lado, Alvo começou a pensar em um bom nome para o buscador de cera. Ele deveria considerar que o shabti seria bem mais que um brinquedo ranzinza com cinto de cabelo e com problemas de alto estima. Ele analisara o boneco como um amigo que estivesse sempre disposto a ajudar, que fosse leal a seu mestre – mesmo que secretamente desejasse sua morte para ter direito à liberdade. Alvo quisera rir por um instante, mas ficara focado na tarefa de batizar o buscador de cera.
– Régulo – falou Alvo para o shabti. – Agora esse vai ser seu nome.
O shabti revirou seus olhos leitosos e opacos, considerando o novo nome.
– Bem, não é um nome comum, não é... – o shabti parecia propenso a aceitar ser chamado de Régulo. – Pelo menos não haverá mais dezenove shabtis com o mesmo nome que eu. Tendo de ser diferenciado apenas por um número, como se eu fosse um simples produto à venda na loja de quinquilharias. Humpf! É não é de nada mal... Obrigado, garoto. Mas não venha com essa de que só porque me batizou pensa que eu serei seu subalterno...
Desta vez, Alvo não resistiu ao riso.
– Mas você bem que poderia ser mais bem agradecido – falou o menino tentando prender Régulo em sua teia de articulações e tramoias. Não seria uma armadilha para Régulo cair, mas sim um motivo a mais para o shabti se aliar a ele. – Vocês shabtis gostam de trabalhar, não é, são como elfos domésticos? Li isso em um dos livros do Prof Buttermere. E tem magias como a deles. Você fica ali naquele armário pegando poeira, correndo risco de ser atacado por aquele furão estúpido da minha prima. Poderia se aliar a mim. Se aceitar, você teria mais atividades do que nunca. Eu preciso de alguém como você, Régulo, a escola precisa...
– Eu deveria te dar um beliscão ou conjurar uns salgadinhos sabor queijo em forma de piranhas na sua cueca e dar vida e elas por você ter me comparado a um elfo doméstico, humano... – Régulo emburrou a cara, o que fez parecer que alguém havia passado seu rosto de cera em um ralador de queijo. – Contudo... Já faz tempo que o mestre não me tem utilizado, o número doze e o número sete são os que são mias requisitados, mas também isso é que dar serem esculpidos com braços do tamanho de pernas. Acho que o mestre nem daria pela minha falta se eu desaparecesse.
– Está pensando em considerar minha proposta, Régulo – Alvo pensou que, chamando o shabti pelo novo nome, havia mais chances do boneco confiar nele.
– Não seria prudente deixar o armário somente com dezenove bonecos, são muitas viagens que nós fazemos, com aqueles frascos, mas vamos deixar mais trabalho para

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