domingo, 20 de outubro de 2013

O Buscador de Cera, pág 13



seriam engrenagens da ventilação especial do cômodo, mas ao olhar mais atentamente vira que eram compartimentos que escondiam cilindros redondos feitos de plástico, aparentemente lacrados. Olhando ao redor Alvo via retratos de bruxos e bruxas desenhados de lado e sem profundidade em situações que ele não imaginava serem grandiosas o suficiente para serem retratadas. Havia uma de uma bruxa pintando um quadro e outro de um bruxo moreno transformando uma jangada em um flamingo. Em seus mostruários, o Prof Buttermere havia colocado algumas de suas malas e algumas gavetas dobráveis. Algumas caixas, ao se abrirem davam lugar a mais duas que se projetavam à frente ou que se formavam para os lados, criando compartimentos onde não se podia imaginar segundos antes. Nas prateleiras acima da cabeça de Alvo havia potes de vidro com esqueletos de animais que ele não sabia o nome nem a procedência.
Na mesa do professor estava um livro aberto com meia página em branco e outra sem nada escrito. Rabiscando nele com tinta cor de safira estava uma pena encantada que parecia não notar a presença de Alvo e somente continuava a escrever o que foi previamente designada. Alvo fez menção em espiar o que estava sendo escrito, mas depois reconsiderou, achando ser falta de educação.
Mais no interior da sala havia um fogão pequeno e quadrado com um bule de chá fervendo água. Um penacho de fumaça saía pelo bico do bule, informando que o chá estava quase pronto. Mas Alvo não tinha a mínima intenção de tomá-lo. Por que o professor estaria fazendo um chá especial para ele? Teria ele misturado na água algumas doses de Veritaserum para que Alvo fosse forçado a lhe contar tudo o que ele perguntasse? Mesmo que não tivesse algo ali ele preferira se prevenir e manter a boca seca, mesmo que aquele calor insuportável na sala o fizesse ansiar por algo para refrescar a garganta.
Assim como o professor autorizara, Alvo ficou olhando os objetos que estavam à mostra nas mesas do professor e se perguntando para que eles serviam e se fizeram algo de especial no mundo da magia egípcio. Ficou olhando as varinhas e as relíquias por uns instantes até se interessar em uma coleção de bonecos de cera colocada dentro de um armário com portas de vidro.
Devia haver naquele armário uns vinte bonecos de cera que respeitavam os seguintes valores: terem os braços irregulares cruzados sobre os peitos, bocas abertas e terem sido esculpidos por um artesão que não gozava de nenhum talento em artesanato. Todas as vinte peças de cera eram feias, assimétricas ou com alguma particularidade que a tornasse menos atraente que as demais. Todos também possuíam uma espécie de cinturão feito de cabelo humano na altura do que seria a cintura humana. Cada boneco também tinha sua peculiaridade. Um era mais gordo do que o outro, um era mais comprido do que o outro e outro chamou a atenção de Alvo por ter um cabelo espetado no estilo punk.
Alvo escolheu estudar o que era menos feio ou desigual. Na verdade o que ele escolhera era o que mais parecia com a representação real de um humano. Ao toque de seus dedos, a cera estava fria e não era muito pesada de se carregar. Parecia mais com um soldadinho de chumbo do que com qualquer outra coisa.
Ao se distanciar do armário para tatear mais o boneco de cera, Alvo sem querer, pisou em algo felpudo e roliço, como o rabo de um gato.

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