segunda-feira, 29 de julho de 2013

Um Dia Nublado, pág 9



bruxuleavam cada vez que uma brisa de vento invadia o castelo por uma das novas passagens abertas pelas bestas de pedra. Alvo não se incomodava com o vento. Deixava que ele batesse em sua cara e descabelasse ainda mais seus cabelos a cada vez que passava zumbindo. O vento estava frio, ligeiro e trazia diferentes aromas consigo. Muitos, para se identificar somente um, embora algo muito similar ao gosto de ferro na boca enchia as narinas dele cada vez que inspirava profundamente.
– Era Amélia quem estava sendo cuidada por Madame Pomfrey, não era? – Alvo deixou escapar aquilo com a voz falha. Não estava olhando para seus amigos, não conseguia fazê-lo naquele instante. – Quem estava toda ferida e cheia de hematomas. Ela está entre a vida e a morte. Por isso Madame Pomfrey fechou as cortinas ao redor da cama dela, por isso Neville veio falar comigo... – sua voz falhou mais um pouco. – Por isso Buttermere se sente culpado. – Fez-se mais uma longa pausa quando mais uma brisa de vento percorrera aquele corredor, e ao passar, Alvo acrescentou – Acham que ela tem chances de sobreviver? Eu me apeguei, ligeiramente, a ela. Depois de ver sua bravura e de como ela declarou sua lealdade a mim.
– E porque ela deixaria de viver? – falou Escórpio tentando passar um pouco de incentivo ao amigo. – Você mesmo disse: ela tem bravura. Não se entregaria a morte agora. Não antes de empunhar sua varinha ao seu lado, Alvo.
Rosa, porém, não parecia tão animada.
– É isso que me preocupa – ela disse. – Se juntarmos todas as peças, veremos que ela estava sentenciada a morrer assim.
Alvo quase caiu do toco de mármore onde estava sentado. Escórpio ficou boquiaberto.
Como? – bradaram os dois em uníssono.
– É a lenda. Ou melhor, a maldição. Eu soube no dia em que ela disse que sua varinha era de cipestre – depois de falar, foi Rosa quem ficara surpresa. – Nenhum de vocês sabe sobre a maldição das varinhas de cipestre?
– Se soubéssemos talvez não ficássemos tão chocados quando você o disse – respondeu Escórpio meio ofendido por Rosa tê-lo visto como um completo ignorante.
– Bem, é uma lenda meio difícil de entender. E não é bem uma maldição, por assim dizer, embora se a lenda for inteiramente verdadeira, não deixaria de ser uma maldição quando se é deparado com uma varinha de cipestre que te escolhe. Quero dizer, se você não for como Amélia é.
– Pode traduzir, pois só você entendeu este raciocínio – pediu Alvo coçando o local do ferimento cicatrizado pelo feitiço de Ethan, mas que agora pinicava bastante.
– Melhor que traduzir, – disse ela – eu vou simplificar a lenda para vocês logo entenderem.
“Durante os tempos medievais, dos quatro fundadores e até do Caçador de Destinos, havia um fabricante de varinhas chamado Geraint Olivaras, que não deixa de ser um antecessor do Olivaras da loja do Beco Diagonal. Ele dizia que aqueles que empunhavam uma varinha de cipestre eram bruxos determinados, corajosos e bravos, que não tinham medo de dar um passo a frente temendo as consequências. Naquela época, batalhas ocorriam tanto quanto solenidades, e as mortes sempre

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