bruxuleavam cada vez que uma brisa de vento
invadia o castelo por uma das novas passagens abertas pelas bestas de pedra.
Alvo não se incomodava com o vento. Deixava que ele batesse em sua cara e
descabelasse ainda mais seus cabelos a cada vez que passava zumbindo. O vento
estava frio, ligeiro e trazia diferentes aromas consigo. Muitos, para se
identificar somente um, embora algo muito similar ao gosto de ferro na boca
enchia as narinas dele cada vez que inspirava profundamente.
– Era Amélia quem estava sendo cuidada por Madame
Pomfrey, não era? – Alvo deixou escapar aquilo com a voz falha. Não estava
olhando para seus amigos, não conseguia fazê-lo naquele instante. – Quem estava
toda ferida e cheia de hematomas. Ela está entre a vida e a morte. Por isso
Madame Pomfrey fechou as cortinas ao redor da cama dela, por isso Neville veio
falar comigo... – sua voz falhou mais um pouco. – Por isso Buttermere se sente
culpado. – Fez-se mais uma longa pausa quando mais uma brisa de vento
percorrera aquele corredor, e ao passar, Alvo acrescentou – Acham que ela tem
chances de sobreviver? Eu me apeguei, ligeiramente, a ela. Depois de ver sua
bravura e de como ela declarou sua lealdade a mim.
– E porque ela deixaria de viver? – falou Escórpio
tentando passar um pouco de incentivo ao amigo. – Você mesmo disse: ela tem
bravura. Não se entregaria a morte agora. Não antes de empunhar sua varinha ao
seu lado, Alvo.
Rosa, porém, não parecia tão animada.
– É isso que me preocupa – ela disse. – Se
juntarmos todas as peças, veremos que ela estava sentenciada a morrer assim.
Alvo quase caiu do toco de mármore onde estava
sentado. Escórpio ficou boquiaberto.
– Como?
– bradaram os dois em uníssono.
– É a lenda. Ou melhor, a maldição. Eu soube no
dia em que ela disse que sua varinha era de cipestre – depois de falar, foi
Rosa quem ficara surpresa. – Nenhum de vocês sabe sobre a maldição das varinhas
de cipestre?
– Se soubéssemos talvez não ficássemos tão
chocados quando você o disse – respondeu Escórpio meio ofendido por Rosa tê-lo
visto como um completo ignorante.
– Bem, é uma lenda meio difícil de entender. E não
é bem uma maldição, por assim dizer, embora se a lenda for inteiramente
verdadeira, não deixaria de ser uma maldição quando se é deparado com uma
varinha de cipestre que te escolhe. Quero dizer, se você não for como Amélia é.
– Pode traduzir, pois só você entendeu este
raciocínio – pediu Alvo coçando o local do ferimento cicatrizado pelo feitiço
de Ethan, mas que agora pinicava bastante.
– Melhor que traduzir, – disse ela – eu vou
simplificar a lenda para vocês logo entenderem.
“Durante os tempos
medievais, dos quatro fundadores e até do Caçador de Destinos, havia um
fabricante de varinhas chamado Geraint Olivaras, que não deixa de ser um
antecessor do Olivaras da loja do Beco Diagonal. Ele dizia que aqueles que
empunhavam uma varinha de cipestre eram bruxos determinados, corajosos e
bravos, que não tinham medo de dar um passo a frente temendo as consequências.
Naquela época, batalhas ocorriam tanto quanto solenidades, e as mortes sempre
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