Deixaram a ala Hospitalar e se moveram até uns
escombros que haviam sido amontoados próximos a um novo buraco do tamanho de um
portal de dois metros e meio com vista para além dos terrenos de Hogwarts e
para a estrada que levava ao povoado de Hogsmeade. Os entulhos mais pareciam
bancos feitos de mármore reaproveitado. Alvo sentara em uma pedra que mais
parecia um terço de uma coluna como as que sustentavam templos gregos, mas que
havia sido cortado na diagonal por uma besta quadrada; Rosa ficara sobre uma
pedra solta e Escórpio, de pé, a uns cinco paços do fim do buraco, recostado na
parede destruída e coberta de fuligem.
Alvo olhava ao seu redor para aquele pedaço de
Hogwarts destruído e pensara naqueles que haviam morrido devido ao ataque. Os
corpos haviam sido levados para uma câmara alguns andares abaixo da enfermaria,
onde também ficaram os mortos da Batalha de Hogwarts, e lá estavam protegidos
por um feitiço para permanecer com a temperatura abaixo de zero. A identidade
de nenhum morto fora confirmada, mas certamente, antes mesmo que os nomes
fossem divulgados, toda a escola já os saberia, devido ao grande vazio,
irreparável, que eles deixaram.
Vendo aquela área destruída e pensando nos mortos
pelas feras de pedra animadas por alguém, Alvo não pode mais deixar-se dominar
por seu orgulho, pois, como somente agora conseguia ver, amanhã poderia ser
tarde demais. Quem imaginaria que Hogwarts fosse atacada por suas próprias
estátuas? E quem, depois de um jogo de Quadribol de um domingo comum,
suspeitaria que estaria a poucos momentos da morte?
– Sinto muito, Escórpio – disse ele sem pensar
muito ou escolher bem as palavras que usava. Pegos de surpresa, Escórpio e Rosa
se voltaram para ele com feições muito distintas, Malfoy surpreso com o que
ouvia e Rosa, admiravelmente, orgulhosa. – Sinto muito por ter transparecido
que preferia ter Ash como melhor amigo que você. Ash pode ser um bom menino, e
um bom amigo também, mas acho que ele não suportaria me aturar todos os dias se
necessário como você faria.
– Não, Alvo, eu é que tenho que me desculpar –
Escórpio se mostrava sincero com suas palavras, mas também parecia estar tendo
que digerir pregos. – Você estava certo, eu estava com ciúmes. Mas, bem...
Depois que briguei com você, quis dar meia volta e fazer as pazes, mas meu
orgulho me impediu de fazê-lo, e como você não quis falar mais comigo e continuou
a andar com Bennett, eu achei que para você estava tudo bem e que o melhor era
deixar de ser seu amigo mesmo. Os grifinórios que me aceitam não são, bem, tão
legais quanto você. E como deve saber, Agamenon tem preferência pelos
Malignos...
– Finalmente vocês dois se entenderam! – exclamou
Rosa jogando suas mãos para cima e balançando o corpo sobre a pedra. – Não
terei mais de dar duas aulas particulares em um dia só... E finalmente terei
meus melhores amigos juntos novamente – completou, sorrindo, e desta forma
contagiando Alvo e Escórpio que também sorriram e riram.
Mas foi apenas por um breve momento.
Durante um bom tempo os
três amigos se mantiveram em um profundo silêncio. Apenas olhando para o
balanço das árvores da floresta, das luzes que acendiam e apagavam nos prédios
e estalagens de Hogsmeade e no fogo das tochas que
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