– E eles o arranharam desta forma? Como? –
perguntou Neville vendo os rasgos que Alvo carregava.
– Suas patas estavam esfoladas. Mas afiadas que
lâminas de espadas – mentiu ele. Não queria revelar nem mesmo a Neville, seu
padrinho, sobre a transformação de Ted em lobo e sua frustrada tentativa de
salvamento. Mais tarde seu silêncio foi reconhecido por Rosa e Escórpio.
– Estranho, pois os rasgos estão muito regulares.
Como de uma fera com garras, mas se você diz... Ficamos todos surpresos com
esse ataque.
– Nem me diga.
– E Al, – ele se agachara para mais perto do
afilhado, e baixara o tom de voz – eu sei que você tem uma rixa com Hanbal, mas
não questione, ou melhor, mencione as
atitudes dele hoje. – E antes que Alvo pudesse perguntar o porquê de tal
pedido, Neville prosseguiu. – Amélia foi ferida de diferentes formas pela besta
quimera. Está agora sobre os cuidados de Madame Pomfrey, mas seu estado é
gravíssimo. Só Deus sabe qual será o destino dela e de mais alguns. Mas eu rogo
que não volte a criticá-lo. Ele iria sim ser a isca, e estava disposto a morrer
para salvar os alunos, mas Amélia interveio e o surpreendeu. Eu entendo o que
passou por sua cabeça. Não foi um dilema fácil de resolver, mas ele pensou que,
se já havia conseguido um meio de desbloquear o caminho, que ele não deveria
abandonar o grupo e deixar que o sacrifício de Amélia fosse em vão.
– Não acredito que você está falando assim – falou
Alvo, sombrio. – Está falando como se Amélia fosse um peão de xadrez, e não uma
pessoa! Está falando como se a vida dela pudesse ser descartada ou que não
deveria ser levada em consideração!
– Está entendendo mal, Alvo – defendeu-se Neville
com firmeza. – Nunca pensaria em descartar a vida de alguém como Amélia
Panonia. Só estou dizendo para não martirizar o Prof Buttermere quando ele só
estava tentando manter todos em segurança.
– Ai! Que dor enorme na minha perna! – gritou
Digory se levantando bruscamente da cama para tentar cutucar o ferimento da
perna. A enfermeira se assustara com a exclamação do menino e já estava pronto
para empurrá-lo de volta para o travesseiro, mas não foi necessário. Uma forte
tonteira aflorou a cabeça machucada de Digory e ele largou o peso do corpo para
trás, revirando os olhos fora de foco pela ala Hospitalar, e gemendo de dores.
– Não se mecha bruscamente, menininho – disse a
enfermeira que antes limpava o ferimento da perna. – Sua cabeça não está nada
boa. Terá de ficar aqui por uns cinco a dez dias e beberá uma razoável
quantidade de remédios.
– Eu detesto hospitais – fungou Digory tentando
conter as lágrimas de dor que enchiam seus olhos.
Para não tumultuarem ainda mais a caótica ala
Hospitalar, Alvo, Escórpio e Rosa foram orientados por Neville a deixarem o
hospital, até para poupá-los dos gritos agonizantes dos pacientes e do ambiente
de sofrimento que tomava todos os presentes, e depois a Profª McGonagall frisou
que eles deveriam voltar a seus respectivos dormitórios sem fazer barulho e por
lá ficarem até a manhã seguinte. Os três, porém, cumpriram apenas as ordens de
Neville.
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