Havia sido colocada no centro do salão uma espécie
de bacia de titânio com carvão em brasa que ardia uma chama que o elfo de
dentes graúdos encantara para assumir uma coloração esbranquiçada como leite ou
algodão. Conforme as roupas surradas dos elfos iam sendo cremadas, o ar ao seu
redor assumia um cheiro de sabão em pó e detergente.
Infelizmente, alguns outros alunos (em sua grande
maioria da Sonserina) haviam repetido a ação do Sr Capper e deixado o Salão
Principal a julgar que a despedida dos elfos era menos importante ou
interessante que a dos estudantes e de Gary. Alvo se sentiu mal por serem seus
colegas a desrespeitarem Bowy e os outros dois. Rapidamente, para não perder a
cerimônia ele tentou ver se algum conhecido seu estava entre os sonserinos que
deixavam o salão. Viu Teseu Flint com Zabini, Vaisey, Urquhart e Warrington
saindo, Erico deixando seu lugar com Birkenhead, e Rosier, Montague e Pucey
saindo pelo canto direito cochichando e rindo bem baixinho. Alvo queria saber
qual era o motivo da graça, pois nem uma piada muito bem contada poderia
alegrar alguém que estivesse naquela cerimônia.
Ao fim da leitura do poema de Bowy a celebração
terminou. Alvo saiu do salão com Escórpio, Rosa, Isaac, Agamenon, Lana e Lucas
e em seguida foram se juntando com os demais que haviam se separado no início
da festividade. O grupo, já completo, deixou o castelo e ficaram repousando às
margens do Lago Negro, próximos de onde Alvo ficou no dia em que saiu para
conversar com Jill e Lúcia.
Por lá eles se limitaram a trocar suspiros e
relembrar sobre os amigos mortos. Tiago e Jason conseguiram montar com os
poucos fogos de artifício que ainda tinham escondidos embaixo de seus colchões
uma homenagem para seu amigo Connor. E assim ficaram até o sol baixar e o
crepúsculo tomar conta de tudo.
E naquele instante, como se tivesse sido picado
por uma abelha fora de órbita que acertara seu lábio superior, Alvo notou que
em algum lugar da Grã-Bretanha que forças das trevas superiores a Yaxley
estavam trabalhando na sarjeta. Ele esperava que o que havia acontecido na Copa
Mundial fosse esclarecido pelo Ministério ou pelos aurores, mas o caso havia
sido abafado. Agora houvera o ataque, e o que mais poderia haver? Iria o
Ministério deixar que todos os nove morressem em vão? Pessoas terríveis estavam
agindo em algum lugar, e mais sedo ou mais tarde, Alvo já tinha convicção
disso, ele iria acabar se metendo em alguma aventura desagradável. E não era
nada disso que ele planejava para seu segundo ano.
– Vou ter de botar “salvar o mundo” na minha agenda – brincou ele, somente quando
tivera certeza de que ninguém prestava atenção nele. Sozinho, ele riu de sua
piada que ninguém nunca poderia compartilhar. – Acho que vou colocar depois de “fazer os deveres de Herbologia” e antes
de “estudar Poções”.
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