segunda-feira, 29 de julho de 2013

Um Dia Nublado, pág 17



– Existiriam – começou Crouch com pesar nas palavras. Ela falava como se cada palavra que deixava sua boca fosse demasiadamente pesada e assim, desgastasse muito sua energia ou se tivesse engolido uma quantidade razoavelmente considerável de farpas e agora sentisse sua garganta arder e irritar toda vez que falava algo – diversas maneiras de eu começar este pronunciamento. Eu poderia dizer que seria breve, mas eu estaria mentindo. Todavia, creio que mentindo não seria a maneira apropriada de começar um discurso de abertura desta cerimônia tão triste. Sendo totalmente franca com vocês e dou minha cara à tapa para dizer com toda sinceridade que eu não gostaria de estar aqui.
“Essas quatro mesas das quais vocês se encontram, alunos e hoje exclusivamente, pais, estão incompletas. Incompletas, pois seis alunos, e acima de tudo, seis amigos extraordinários não se encontram mais no nosso mundo. Esses seis foram mortos em um ataque covarde que por muito pouco não levou mais nenhum de nós. A quantidade de feridos foi grande e eu deveria dizer que felizmente foram apenas seis mortes de alunos, de um funcionário e de dois elfos domésticos. Eu estaria sendo hipócrita se o dissesse, e além do mais, insensível e arrogante.”
“O Ministério da Magia, e por tabela, o próprio ministro, preferiria que esta cerimônia não fosse realizada e me aconselhou a não dar voz ao ataque, pois assim estaríamos dando ao assassino que o provocou um gosto em saber que seu ataque deu certo. Eu quero que esse assassino padeça diante de mim, morto! E, diferentemente do que pensa o ministro, ele não venceu, já que seu ataque somente fez com que nossos corações batessem mais fortes pelos que nos deixaram e que nosso corpo fosse tomado com mais facilidade pela vontade de fazer justiça e vencê-lo em honra a nossos amigos”. Crouch percorreu com os olhos pelas quatro mesas de estudantes, os quais mal piscavam.
“Não fazemos a mínima ideia de quem ordenara o ataque das feras de pedra aos nossos domínios, mas professores, funcionários e aurores vindos da sede do Ministério da Magia britânico estão investigando a fundo e analisando todas as possibilidades para assim conseguirem chegar à verdadeira identidade deste monstro abominável.”
“Mas hoje, nós não deveríamos nos prender a amaldiçoar tal ser. Hoje é o dia em que nós nos reunimos como iguais para prestar o último adeus aos nossos amigos que morreram no ataque.” Agora a diretora fitava a primeira fileira de cadeiras, que era composta apenas pelos pais das vítimas. Seus olhos tomaram-se de comoção e assim foram se fechando, formando apenas uma pequena aresta horizontal perto de se fechar, até se deparar com a mirada do Sr Capper, que também a olhava, porém com seus olhos vermelhos irritados transbordando de uma mescla doentia de desprezo e ódio. “Façamos um brinde a aqueles que não podem mais brindar conosco hoje, a Brian Capper...”.
Todos levaram uma taça de vidro à mão e brindaram a Capper, o primeiro a ser chamado em ordem alfabética.
Alvo não se incomodou de estar brindando e prestando seus pêsames ao garoto que lhe enforcara, agredira e xingara. Na verdade, era apenas uma sensação de vazio e perda que acometia seus órgãos com ferocidade. Secretamente, e com cautela, ele olhou para a periferia de sua visão, para a mesa da Grifinória e estranhamente ficou

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