– Bowy, eu lamento muito com o que aconteceu com
seus colegas elfos – disse Alvo com a maior sinceridade do mundo. – Eles deviam
ser grandes trabalhadores e muito esforçados. Meus pêsames.
– Obrigado, Alvo Potter. Sua consideração e seu
lamento são satisfatórios para mim neste momento de perda – disse o elfo com um
discurso tão belo e emotivo que parecia vir de um grande líder. – Realmente
Dinky e Moori eram grandes trabalhadores, grandes elfos... Eu disse, Alvo
Potter, eu disse a Dinky que ela não devia sair das cozinhas... Eu disse que
ela tinha que continuar a remexer no tacho para não deixar que a gordura
grudasse no fundo do tacho, mas Dinky relutou e quis colher pêssegos frescos
para a sobremesa. É minha culpa, é minha culpa que Dinky esteja morta! Eu tinha
de tê-la impedido!
Bowy estava pronto para se castigar (provavelmente
ele iria bater com a cabeça no portal de mármore ao seu lado), mas Alvo se
adiantou e segurou o ombro do elfo, fingindo lhe tranquilizar, mas querendo impedi-lo
de se debater.
– Não se culpe – falou Alvo se ajoelhando para
tentar ficar no mesmo nível que Bowy. – Ninguém tem culpa sobre do ataque. Bem,
uma pessoa tem culpa, quem encantou as estátuas. Mas esta não sairá impune. Um
dia ela ainda vai pagar, todos seus atos não poderão passar em vão. Eu juro,
Bowy, que se for necessário eu mesmo farei justiça contra essa pessoa.
– Se Alvo Potter conseguir capturar esse monstro –
o elfo começou a se empolgar e suas orelhas se eriçaram e ficaram como a de um
coelho – permite que Bowy dê um chute na cara dele, ou, se for homem, um chute
ainda mais forte em uma região em particular que ele nunca irá esquecer?
– Claro, Bowy – prometeu Alvo esboçando um leve
sorriso. – E o que vocês dois vieram fazer?
– Prestar as últimas homenagens a Dinky e Moori –
falou um elfo magérrimo de nariz redondo e dentes graúdos. – Vamos fazer uma
homenagem a eles e faremos também uma cerimônia élfica agradecendo pelos
trabalhos prestados por cada elfo morto e depois queimaremos suas vestes em
fogo branco. – O elfo mostrou a Alvo uma camisa pólo remendada, suja com marcas
de molho e rasgada com uma estampa das Esquisitonas. – Esta era a marca de
servidão de Moori, meu senhor. Eu que queimarei sua camisa na chama branca. E
meu colega queimará o vestido de Dinky enquanto meu mestre Bowy lê a poesia que
fizemos para nossos colegas mortos.
– Tenho certeza de que eles se sentiriam honrados
com esse gesto – falou Alvo para os elfos e depois, somente com o olhar,
persuadiu seus amigos a confirmarem.
– Ainda não entendo essa sua amizade com os elfos
domésticos – falou Lucas seguindo com o olhar os três elfos cabisbaixos que
entravam no Salão Principal. – Sempre me disseram que eles eram só empregados,
que não se importavam em ser bem ou mal tratados.
– Não é bem assim – ele negou ainda desanimado. –
Eles têm sentimentos assim como todos os bruxos e trouxas. E são diferentes um
dos outros.
Sem ter tempo para
prolongar o debate sobre os elfos domésticos, os sonserinos se calaram quando o
restante de seus amigos chegou. Internamente, Alvo se movimentou para que todos
seus amigos chegassem juntos no salão, para que
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