domingo, 23 de junho de 2013

Percimpotens Locomotor, pág 2



Rosa também não se mostrava completamente satisfeita com o primo. Fosse porque ele não tivesse conversado com Escórpio, fosse porque ele deixou que toda a situação tivesse de ser resolvida por ela, a garota não poupou esforços em censurá-lo abertamente com o olhar. Alvo ficou sem graça, mas logo tentou se explicar o motivo de não ter cumprido sua promessa.
– Ela ficou uma fera por causa da pessoa que a xingou – contava ele se sentando à mesa, ao lado de Rosa de maneira a deixá-la entre ele e Escórpio, e descrevendo com precisão tudo o que acontecera no banheiro da Murta. –... Por isso fiquei todo molhado... Aí Filch apareceu e não quis reconsiderar e me ouvir... Se não fosse por Colin, eu estaria em detenção, mas eu acho que Pirraça também me ajudou de certa forma...
– Eu só não entendi uma coisa – falou Inácio antes de iniciarem os deveres de casa. – Quem é esse Colin? Ele é da nossa turma?
– Ele é um fantasma, não é? – disse Morgana com inocência. – Um bonitinho que fica flutuando em silêncio pelos arredores do Corujal e do Memorial de Hogwarts, estou errada? Pensei que fosse a única a conseguir vê-lo.
– Então são nove – murmurou Alvo baixinho.
– Das cinco utilidades da macilária pedidas pelo Prof Longbottom, são cinco para cada parte da planta ou as cinco para ela toda? – perguntou Escórpio com secura, fingindo que o assunto sobre a invasão ao banheiro da Murta-Que-Geme fosse menos interessante que o mais incomum, mas assaz e exigente trabalho de Neville sobre as funções da planta macilária, uma planta rara de coloração vermelha ligeiramente amarelada e que pode servir como ingrediente para várias Poções de Insônia. O problema era que para cada parte da planta deveria haver umas vinte e tantas utilidades.
– São cinco para a planta toda – informou Alvo tentando parecer o mais compreensível possível com o mau-humor de Escórpio.
– Hem? – insistiu ele como se não houvesse ouvido ninguém.
– São apenas cinco para tudo – repetiu Rosa, bufando, temerosa que os nervos entre Alvo e Escórpio chegassem à flor da pele.
Hem?! – exclamou Luís alarmado, arregalando os olhos e perdendo parte da cor do rosto. – Eu já escrevi mais de vinte e três utilidades, e ainda nem cheguei nas folhas!
– Você sabia que eram apenas cinco – apontou Morgana enquanto via a listagem feita em mais de meio pergaminho feita por Luís. – O Prof Longbottom foi muito claro quando passou a tarefa.
– E-eu sabia – mentiu ele coçando o couro cabeludo com nervosismo. – É que eu tento ser perfeito! Seria pedir demais listar todas as utilidades da macilária?
Seria – informou Rosa em ar de deboche. – Se você listasse todas as utilidades da segunda planta mais usada no mundo da magia, seu dever de casa deveria se transformar em uma enciclopédia.
Todos riram, mas Alvo logo se calou ao ver que Escórpio se mantinha frio e calado, como se sua face fosse feita inteiramente de mármore, o que parecia ao julgar a palidez de sua pele.

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