– Isso é bom, a se é – ele fungou, enchendo seus
grandes pulmões até o limite, depois expirou lentamente parecendo mais leve e
tranquilo. – Não há nada melhor que respirar o ar desses anos.
Os três assentiram, até que Lúcia, com sua natural
perspicácia, fez a pergunta fatal.
– Para que é o guizo, Prof Hagrid?
Era estranho ouvir os outros chamando Hagrid de
professor. Era um hábito que Alvo não cultivava e que o próprio Hagrid não
fazia questão que ele tivesse, mas sempre que ele ouvia os outros alunos o
chamando pelo título de mestre, era como se fosse com outra pessoa.
– Isso é para umas criaturinhas bem curiosas e
solitárias chamadas felinodágua –
Hagrid dizia erguendo o guizo contra a luz para que o brilho da lustração
ganhasse força e a luz dourada do sol refletisse nele. – Eles não são maiores
do que uma bola de encher. Cobertos de pelo, como um gato de casa, mas com
brânquias nos pescoços e uma quantidade maior de dentes. Mas eles podem
controlar quando querem deixar as presas amostras ou não. Só as usam para caçar
peixes e mexilhões, na maior parte do tempo são banguelas.
– E nós vamos ter de aprender sobre eles,
professor? – Jill perguntou curiosa com o espécime, enquanto Alvo ainda tentava
entender se a “curiosa” de Hagrid era
algo bom ou ruim.
– Ainda não, jovem Jill. Vocês ainda ficaram mais
um pouco com os rabicurtos – ele repousou o guizo com cuidado sobre um barril
d’água vazio ao seu lado. – Ano que vem, certamente se eles procriarem no
momento correto e se não se assustarem com os alunos. O terceiro ano que terá
eles depois do feriado de Natal. Ainda são muito jovens para saírem das tocas
subaquáticas. E o guizo é para hipnotizá-los e atraí-los até a superfície, o
mais longe possível da Lula Gigante, também.
– E Faísca? – perguntou Alvo querendo saber acerca
da fênix contrabandeada que Hagrid possuía.
– Vai bem – respondeu o gigante colocando as mãos
nos joelhos e dando um impulso para se levantar. – Construí uma casa para ela
no celeiro, tive de usar ferro depois que ela incendiou a primeira de madeira
que fiz. E agradeceria se chamasse ela apenas pelo nome, e não divulgasse a
espécie. Ainda não consegui a autorização do Ministério da Magia para tornar
sua posse legal.
Alvo confirmou, prometendo silêncio.
– Ufa! – guinchou o gigante colocando as mãos nas
costas. – A idade quando pesa faz com que tudo seja mais difícil. Ainda bem que
meus ossos são um pouco mais graúdos, não é? – e riu.
– Quantos anos vocês acham que Hagrid têm –
perguntara Jill quando os três já haviam se despedido dele e se encaminhavam
para a orla do lago, que irradiava a luz do final de tarde.
– Não faço ideia – respondeu Lúcia, sinceramente.
– Bem, ele estudava em Hogwarts na época do velho
mofado – começou Alvo chutando umas pedrinhas e uns cascalhos para longe ou
para dentro do lago. – Uns oitenta e lá vai fumaça...
Eles se aproximaram mais da
beirada do lago, na parte mais molhada, onde enchia quando a maré era alta ou
quando chovia. A cada passo que afundava na terra
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