domingo, 23 de junho de 2013

Percimpotens Locomotor, pág 11



– Perfeito! – a prima exclamou, pressionado os dedos contra as alças do estojo de poções. – Nos encontre na entrada do castelo, no Hall de Entrada, em dez minutos... Só vou guardar isso aqui e chamar Lúcia. Talvez até penteie um pouquinho os cabelos.
– Então não quer que nos encontremos em meia hora? – perguntou ele com uma piada.
– Bobo – Jill revirou os olhos. – Dez minutos.
E ela subiu os dois degraus que faltavam.
Havia algo de diferente em conversar com Jill do que com os outros Weasley. Ela era pura, inocente e ingênua, mas não um tipo de ingênua boba, mas uma dócil e gentil, que não mede esforços para encontrar a bondade nas pessoas e estimulá-la o máximo possível. Falar com ela não era o mesmo que falar com qualquer outro de seus primos, principalmente Fred ou Luís. Ela era simplesmente diferente. Fazia sentido, ao ver que ela foi criada de uma maneira bastante incomum. Dentro de um Fusca Volkswagen ou em diversas casas alugadas por temporada, sempre na companhia de seus pais, seus tios, primos e do tio-avô Elias e da tia-avó Elaine. Sem falar nos pais de Jill. Aquele certamente não era o tipo convencional de casal ou de pais, daí a explicação lógica para Jill ser tão diferente de Digory e de Douglas, principalmente Douglas.
E ainda tinha Lúcia. Uma garota que também possuía algo de diferente dos demais que até hoje Alvo não sabe dizer o que é. Fosse sua compreensão desigual de como era o mundo, fosse por sua vida ser tão ligada a de seus pais. Mas sem sombra de dúvidas, Lúcia era uma das primas favoritas de Alvo (Rosa estava em primeiro lugar), e ele tinha a notória impressão de que ela era a prima favorita de todos os outros primos.
Passados os dez minutos, Alvo, Jill e Lúcia começaram a passear levianamente, sem se importar com o trajeto que percorriam. Eles passaram pelo Salão Principal a passos largos, e Alvo teve o cuidado de espiar para ver se Erico ou Ashton estavam por perto. Desceram pelo caminho que ele havia tomado a pouco e começaram a circular ao redor da base do castelo. Caminharam uns quilômetros até a cabana de Hagrid que se mostrava fria e apagada. Lúcia se colocou nas pontas dos pés para tentar ver além dos buracos das cortinas surradas feitas em emendas de algumas toalhas de mesa. Segundo ela não havia nenhum movimento no interior da cabana, o que fez Alvo pensar que Hagrid estava metido dentro da Floresta Negra, mas após ouvirem o latido de Rolino e um longo pigarro de proporções gigantescas eles encontraram o guardião das chaves de Hogwarts atrás da casa, polindo uma espécie de guizo gigante que mais parecia um sino de procissões.
– Boa tarde para vocês – disse Hagrid passando o pano encharcado no guizo. Suas mãos enormes estavam sujas de graxa assim como o pano, que certamente não havia sido tecido na cor preta. – O que fazem por aqui à uma hora dessas? Já e final de tarde, achei que já estavam jantando.
– Ainda falta um pouquinho para o jantar – falou Alvo tentando não pensar na razão que levava Hagrid a possuir um guizo daquele tamanho. – Queríamos só dar um passeio, respirar um ar puro.

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