–
Está errado, Potter! – Ana lançou a
comida em seu prato com força. – E você não deveria falar assim já que se dizia
amigo de meu irmão.
–
O que quer dizer com isso? – ele finalmente largou os talheres, e sentiu as
mãos arderem e formigarem.
–
Que minha avó era uma Yaxley, Emma
Yaxley! E não era uma louca assassina como Furius! – ela fuzilou Alvo com os
olhos. – Ela se casou com meu avô Beto Higgs. Então o sangue Yaxley corre em
minhas veias e nas de meus irmãos! Ainda acha que tudo que vem da família
Yaxley não presta?
–
Não. Desculpe-me, então – Alvo ficara encabulado.
Uma
das mais habituais conversas entre os alunos sonserinos durante o banquete
inaugural do ano letivo era o interrogatório sobre as origens e as famílias dos
novos selecionados. Alvo conhecia bem aquela sabatina, fora vítima de muitas
perguntas no ano anterior para saber se seria aceito ou não entre os
sonserinos. Também era costumeiro ouvir a frase “isso significa que somos primos”, visto que os novos alunos sempre
desandavam a falar de suas árvores genealógicas e seus laços com as outras
famílias. Era inevitável que laços entre famílias de puro sangue existissem e
que novos primos aparecessem, pois a quantidade de famílias cem por cento de
puros-sangues diminuía a cada século. A maioria dos novos selecionados era de
sangue-puro, mas havia mestiços entre eles como Alvo e Isaac.
A
noite ia passando mais os interrogatórios continuavam. Naquele momento era a
vez de Castor Urquhart.
–
Meu pai é do Departamento de Legislação do Comércio Bruxo. Nossa família viaja
a cada seis meses. É uma pena que eu tenha de ficar aqui em Hogwarts, preferia
ser educado por meus pais, ou ir para Durmstrang, mas minha mãe preferiu
Hogwarts. Fica mais perto de casa.
–
E você Bennett, é parente de Arquibaldo Bennett? – perguntou Tibério Nott se
servindo de caramelos cristalizados.
–
Acho que não – disse Ashton tranquilamente ajeitando o prato abarrotado de
comida. – Nunca ouvi falar o nome desse cara. É meio estranho, não acham?
–
E em que seus pais trabalham? – perguntou Ana Higgs para o primeiranista.
–
São professores – respondeu.
–
São professores particulares de jovens bruxos? – quis saber Cadu Branstone. –
Achei que só tutores duendes dessem aulas desta maneira.
–
Deve ser então, se você diz – falou Ashton. – Meus pais não são professores
particulares. São professores em uma escola perto lá de casa, a The Windsor Boys' School. Meu pai é professor
de Geografia e minha mãe de Inglês. Eu ia para lá antes de descobrir que era
bruxo.
–
Antes de descobrir... – gaguejou
Perseu Flint deixando seu suco de abóbora derramar sobre suas vestes.
–
Seus pais são professores trouxas? –
Bruto Nott parecia sentir nojo das próprias palavras.
–
Você é um nascido-trouxa? – perguntou Dougal Higgs, com frieza na voz.
–
Sim. Acho que é esse nome que vocês dão. Sou o primeiro bruxo da minha família
– respondeu Bennett sem entender o porquê de toda aquela algazarra. Ninguém ao
redor dele comia. Os olhos estavam abertos muito esbugalhados e fixos nele.
Havia um pedaço de frango preso no queixo de Tibério, que estava paralisado. –
Isso é algo ruim?
–
Em minha opinião: não, Ashton – disse Alvo quebrando o silêncio. Seus colegas
ainda estavam paralisados, eles mal respiravam. – Mas eu não posso dizer que
todos nessa mesa pensem assim.
–
Um trouxa – disse Tibério em um tom
oco e vazio, olhando para o nada, como se estivesse prestes a morrer. –
Seus pais são professores trouxas? –
Bruto Nott parecia sentir nojo das próprias palavras.
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