Capítulo Dezenove
O Fim da Sociedade da Serpente
Quando Alvo voltou para si estava novamente no santuário subterrâneo do Olho entre os Mundos de Albrieco Ambratorix, o Caçador de Destinos. Suas mãos estavam sobre o caixão dourado que irradiava um calor insuportável. As mãos de Alvo estavam vermelhas como dois pimentões. Possivelmente ambas estariam torradas se o caixão não fosse mágico e Alvo teria de servi-las em um prato ornamentado para o café da manhã. Ele largou a superfície do caixão com energia. E sentiu as mãos vibrarem de excitação. Ele não estava normal. Tateou os bolsos. A varinha de Rosa fora colocada no bolso traseiro do lado esquerdo da calça (ele preferia aquele lado, pois achava mais fácil sacar a varinha, sendo ela estando no lado oposto a sua mão dominante). No bolso lateral do lado direito havia algo que não estava há pouco tempo atrás. Alvo não sabia quanto tempo se passara desde que se encontrara com Ambratorix. Ele meteu a mão direita dentro do bolso onde um incômodo objeto redondo e achatado repousava. Era dourado, com inscrições em quase todas as partes, também era quente, assim como o Olho entre os Mundos. Quando Alvo encostou-se à moeda sentiu os dedos formigarem novamente. Mas era um formigamento diferente, era estranho, mas era quase que bom. A moeda de Ambratorix estava ali, mesmo Alvo não tendo a mínima idéia de como ela chegara. Não se lembrava precisamente como fora seu encontro com o artesão. Lembrava das partes mais marcantes, de reaver todos os membros de sua família já falecidos. De desvendar os mistérios sobre o Caçador de Destinos junto ao próprio caçador. Também se lembrava do momento em que Ambratorix transformara um filete de ouro quase invisível em um galeão mágico. Lembrava de suas palavras. “Para os momentos de mais dor e solidão”. Talvez aquilo tivesse alguma coisa a ver com o presente momento de Alvo. Ele sentia dor. Dor por se sentir culpado de um possível colapso mundial que poderia acontecer por sua causa, mesmo sabendo que o Olho não despertaria bruxo algum. Sentia dor por todos aqueles falecidos por uma causa perdida. Sentia dor pelo verdadeiro Epibalsa McNaught, pelo curandeiro preso em Azkaban injustamente, e pelo Prof Silvano que Alvo não sabia se estava vivo ou morto. E sentia-se sozinho. Sabia que não podia enfrentar Yaxley frente a frente. Yaxley era um canalha, um patife, mas um patife que conhecia um número muito amplo de feitiços. Não havia como derrotá-lo. E sabe-se lá o que Yaxley faria quando descobrisse que todo seu esforço, todos seus riscos foram em vão. A exposição de seu grupo, a morte de seus companheiros (embora Alvo acreditasse que Yaxley não se importava muito com isso). Como Alvo poderia vencê-lo? Ele estava sozinho. Rosa e Escórpio amordaçados por ervas e vinhas encantadas que os esmagavam cada vez mais. E ele, Alvo, nada podia fazer, a não ser esperar e pensar. Pensar em um jeito de virar a mesa a seu favor...
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