Antes de dormir Alvo deu uma última olhada em seu horário. No dia seguinte teria Herbologia depois do café, depois era Artes dos Trouxas, junto com a Grifinória e assim terminariam as aulas antes do almoço, depois teria Tecnomancia com vários alunos de outros anos. Alvo queria continuar a ler sua programação acadêmica, mas seus olhos já não o deixavam. Suas pálpebras começavam a pesar e o fato de ter de acordar cedo na manhã seguinte o fez obedecer-las. Alvo retirou seu anel de passagem e o depositou cuidadosamente sobre seu criado mudo. Já vestido com seu pijama, Alvo mergulhou ansiosamente por baixo de suas cobertas e em poucos minutos adormeceu.
Naquela noite Alvo teve um sonho bastante estranho, se não o mais estranho que ele já tivera em seus onze anos de vida. Alvo se espremia por dentro de uma árvore com alguma dificuldade, mas em vez de se deparar com o interior dela ele se encontrou em uma espécie de vestíbulo subterrâneo com colunas de pedra o sustentando e raízes de árvores por todos os lados. Desviando cuidadosamente das raízes que bloqueavam seu caminho, Alvo demorou uns cinco a dez minutos para atravessar completamente o vestíbulo. Na outra extremidade do vestíbulo não havia nenhuma porta, mas sim um grande arco de pedra com inscrições antigas que Alvo acreditou serem runas. Alvo atravessou o arco sem pensar duas vezes e este lhe levou a uma espécie de santuário.
Assim como o vestíbulo o santuário também possuía colunas de pedra e raízes expostas, porém estas se preservavam encostadas nas paredes sem bloquear a passagem. No outro extremo do santuário havia uma espécie de caixão luminoso que refletia uma luz tão poderosa e cegante quanto a luz do Sol. Ao centro do santuário estavam dois homens e Alvo pode perceber que eles discutiam. O mais velho e mais alto se mostrava bastante autoritário, berrando e agitando os braços contra o mais novo.
– Você está demorando demais! Não temos a eternidade! Expliquei-lhe o que deveria ser feito!
– Mas ainda não pude ganhar a confiança dele. – dizia o mais jovem tentando se defender – Preciso de mais tempo... Ele é mais cabeça dura que nós imaginávamos.
O mais velho balançou a cabeça negativamente. Por um momento, Alvo teve a impressão de que o mais novo o observava, mas Alvo não conseguia identificar sua fisionomia, estava tudo muito escuro e borrado, com exceção do caixão luminoso.
– Vá embora. – ordenou o mais velho para o subordinado.
O mais novo se encolheu fazendo uma abobalhada reverência para o chefe e se foi como fumaça.
– Abri... Reunir... Voltar... Ressuscitar... Sangue... Linhagem... – eram as palavras que saiam aleatoriamente da boca torta do bruxo mais velho.
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