Baddock se adiantou e retirou do bolso do smoking um pedaço úmido e surrado de pergaminho. Não havia nada escrito nele, mas ele sabia que aquilo servia como uma chave, que desativaria temporariamente o efeito do Feitiço Fidelius, e que o possibilitaria de chegar à sede.
Ele fitou o pedaço de pergaminho e pousou a ponta da varinha sobre esse.
“Aparecium” murmurou, fazendo com que pequenas palavras escritas a mão surgissem meio desbotadas e fora de foco, contudo Baddock conseguia distingui-las e assim lê-las.
A Sociedade da Serpente. Sede localizada na Rua dos Encanadores, número quinze, Londres.
O chão começou a tremer, mas não um tremor como de um terremoto colossal, apenas como se uma banda de música soasse seu mais novo sucesso tendo várias caixas de som espalhadas pelos cantos, todas no último volume e tendo uma legião de fãs histéricos cantando e pulando. As caixas de papelão tombavam para os lados e as pilhas de lixo se desmoronavam, fazendo com que ratos e ratazanas fugissem para algum lugar seguro e assim, passando por entre os sapatos de Baddock. Esses já não pisavam mais na calçada irregular e sim em um luxuoso caminho de mármore negro que se estendia dos pés de Baddock até as escadas de uma casa.
Exatamente, uma casa havia se erguido de debaixo da terra até atingir a altura de dois... três... quatro andares. A casa não era muito grande em largura, mas era bastante comprida. Era mais alta que suas vizinhas, as de número catorze e dezesseis. Duas gárgulas foram esculpidas em cada extremidade da casa. Seus olhos brilhantes fitavam a Rua dos Encanadores de maneira sombria e colossal. O gramado estava milimetricamente aparado por igual, tendo cada centímetro de grama minuciosamente o mesmo tamanho e a mesma distância um do outro. Baddock engoliu em seco e se aproximou cuidadosamente da porta de latão revestida com tinta escura e protegida magicamente com todos os feitiços de proteção que um duende esquisito e cleptomaníaco conseguiram conjurar. Não foi nenhuma surpresa para Baddock ver um crânio esculpido no centro da porta. Era uma maneira eficaz de dizer para os vizinhos “Dê o fora!” Não que esses o conseguissem ver, mas também era um modo de proteger a sede da Sociedade da Serpente.
Baddock se aproximou da entrada e esperou que a sentinela encantada se pronunciasse, e ela o fez. A cobra encantada que também fora esculpida na porta ao redor da cabeça do crânio, começou a se remexer e se enroscar envolta da figura de latão presa na porta.
– Quem pede passsagem? – soou a voz fina e sinistra que Baddock imaginou vir da cobra sentinela. – Amigo, ou inimigo? Membro, ou intruso?
– Malcolm Baddock.
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