Capítulo Um
A Rua dos Encanadores
A muitos quilômetros longe da sede do governo trouxa e do Ministério da Magia, a mesma névoa que afligia os londrinos que vagavam pelas ruas semi-escurecidas também comprimia as janelas e cacos de vidros das habitações abandonadas que se estendiam por toda a Rua dos Encanadores.
Mesmo sendo fim de tarde a escuridão já vagava pelas cidades de todo o país, inclusive aquela, que mergulhava em um depressivo e sombrio silêncio cortado apenas pelo som das águas do rio onde peixes e pequenas formas de vida carregavam quilos de poluição e elementos tóxicos. Todas as habitações ao seu redor não demonstravam a existência de nenhum morador atual, mesmo que há anos atrás várias pessoas já houvessem constituído famílias inteiras naquelas paredes.
Na calçada irregular pilhas e pilhas de lixo e caixas de papelão se amontoavam a cada metro quadrado, onde famílias inteiras de ratos e ratazanas procriavam e se alimentavam a todo instante. Dentro de outra caixa de papelão uma pequena matilha esquelética se abrigava inconfortavelmente da chuva.
Vindo do extremo sul da Rua dos Encanadores, sem demonstrar nenhum tipo de aborrecimento com relação ao mau tempo e ao frio, um jovem homem bem trajado se desviava das muralhas de lixo. Seu sapato; bem lustrado; parecia saber exatamente onde pisar, desviando completamente dos excrementos deixados pelos animais.
A Rua dos Encanadores não era o primeiro local que Malcolm Baddock desejava visitar após um longo dia de trabalhos no Departamento de Transportes Mágicos. Mas ele havia se comprometido com seus “companheiros” a nunca ignorar o chamado e se encontrar na sede da sociedade que ele se filiou poucos meses antes de ter sido aprovado no exame de aparatação e de ter ingressado no Ministério. Claro, não era um local agradável, mas a sede de uma organização secreta não poderia ser em qualquer lugar próximo ao Caldeirão Furado, deveria ser um local que chamasse pouca atenção, mesmo estando camuflado por um mísero Feitiço Fidelius.
Quando Baddock passou perto do papelão junto à matilha, os cãezinhos que moravam ali latiram tentando afugentar a má aura que rodeava o bruxo. Eram apenas cães, mas que podiam sentir muitos cheiros além dos que um humano sentia entre eles o cheiro de magia.
– Calem-se! – resmungou Baddock chutando a caixa de papelão e arremessando os cães alguns centímetros para perto do rio poluído. Ele sacou a varinha e a apontou para os cães, fazendo com que faíscas azuis brotassem da varinha e ricocheteassem contra o chão, dispersando os animais de perto do terreno abandonado. – Finalmente cheguei. Ah cara! Com certeza estou atrasado. O Sr Yaxley não vai gostar nada disso. “Sem atrasos nas próximas reuniões, ou pode custar caro para você.”
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