sexta-feira, 4 de novembro de 2011

O Amigo das Corujas, pág 8

Alvo seguiu com olhar Rosa, Ísis, Emília e José se adiantarem e escolherem algumas das corujas expostas em seus poleiros de madeira situados nas paredes de pedra irregular. Rosa trouxe no ombro uma pequenina coruja das montanhas cor parda de grandes olhos amarelos luminosos que mais faziam lembrar um par de faróis de carro acesos no meio da madrugada. Ela era pouco maior que Píchi, a minúscula coruja do tio Rony. Assim como Rosa, a coruja parecia se identificar bastante com a dona. Todas as ordens dadas pela garota eram rapidamente executadas por sua coruja emprestada, desde pular para seu poleiro até abrir o bico para a escovação ordenada pelo Prof Monomon.   
Parecia fácil escovar o bico de Artie. A coruja cinzenta batizada como nome do falecido avô se não se mostrava nada apreensiva com o fato de ter uma pequena escova de dentes quase sendo enfiada por sua goela. Alvo tentava ser o mais cuidadoso e delicado o possível. Ele sentia a respiração da coruja ficar mais acelerada conforme ele aumentava a velocidade como escovava os cantos do bico.
O Prof Monomon também estava inquieto. O homem de cabelos longos circulava pela sala observando o modo como seus alunos executavam a tarefa prescrevida. A cada grupo de alunos, Monomon se intrometia no modo como os estudantes limpavam as impurezas do bico de suas aves. Alvo teve de se segurar para não soltar uma estridente gargalhada quando o professor agarrou o braço de Finnigan alegando que ele estava sufocando sua coruja. Também fora cômico quando a coruja de Euan Coote ficou enfezada com o modo como o grifinório escovava suas bochechas. A velha ave levantou vôo e começou da derrubar algumas estatuetas do professor em forma de corujas raras provenientes do norte europeu.
– Isto é bem divertido – afirmou Rosa escovando o bico de sua corujinha suavemente, sabendo exatamente onde escovar com mais precisão ou mais força e onde ser mais delicada e doce.
– É um tanto que monótono – disse Escórpio lutando com Galdino que se esquivava da pequena escova de prata com duas cerdas. A coruja do amigo agarrava a ferramenta com força e piava com vigor ao mesmo tempo em que abanava suas asas ameaçadoramente. – E perigoso – completou.
Alvo se descuidou da escova quando começou a rir da luta entre Escórpio para escovar o bico de Galdino. O objeto de prata deslizou por sua mão e encostou-se a alguma parte de dentro do bico de Artie que provocara a coruja. Ele girou a cabeça com força e com muita dificuldade soltou um forte e ensurdecedor piado. Todos os olhos se voltaram para mesa onde estavam Escórpio, Alvo, Perseu e Rosa, mas desta vez eles não o fizeram para apreciar mais uma situação cômica entre o jovem Flint e sua bolinha de penas. Artie se remexia irritado, arranhando a base de seu poleiro. O Prof Monomon partiu em direção a mesa de Alvo, enquanto o garoto tentava acalmar sua ave.

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