domingo, 11 de setembro de 2011

O Segredo de McNaught, pág 1


Se alguém perguntasse a Alvo qual era a melhor coisa para dissipar o estresse ganho durante um jogo de quadribol, o jovem sonserino lhe responderia: dormir na enfermaria. As camas impecavelmente aquecidas eram dez vezes mais confortáveis que as dos dormitórios. Como se os Feitiços de Relaxamento lançados sobre estas fosse muito mais potente que os lançados sobre as camas dos dormitórios sonserinos. Os travesseiros (eram dois por cama) eram tão fofos que Alvo tinha a impressão de estar afundando a cabeça em dois tufos de algodão egípcio. O que era muito mais confortável do que dormir sobre tufos de feno rodeado por famílias de galinhas nada simpáticas. Alvo já vivera esta experiência cinco anos antes de completar idade suficiente para ingressar à Hogwarts, quando ele, Tiago e Lílian passaram as férias na Toca e acabaram cochilando na granja depois de brincarem de pique esconde. Nem mesmo a tipóia colocada por Sara em seu braço direito nem as doses do remédio que Madame Pomfrey obrigava Alvo a tomar poderiam impedir que o garoto tivesse sua melhor noite de sono.
O colega de enfermaria de Alvo era ninguém menos que Daniel Fincher, o batedor da Lufa-Lufa que tentara quebrar a cabeça de Alvo lançando um balaço errante certeiro que, por sorte, passara a poucos centímetros de sua orelha. Fincher se mostrava muito frio com relação a Alvo. Sempre que o primeiranista tentava iniciar uma conversa com o batedor do sétimo ano, ele desviava o rosto para a saída da enfermaria e olhava para além das janelas. Seu olhar se perdia por entre as árvores da Floresta Negra. Talvez toda aquela antipatia de Fincher dava-se por sua condição como nascido-trouxa. Daniel nunca fora bem tratado pelos sonserinos. Sempre que seus colegas da casa verde se referiam a ele era através de adjetivos preconceituosos como “sangue-ruim” ou “sangue-sujo”. Mesmo que Alvo não tivesse intenções de chamar Fincher por esses nomes, o batedor considerava o fato de Alvo ser da Sonserina como um motivo para considerá-lo um inimigo.
Às sete horas da noite, Madame Pomfrey percorreu a enfermaria checando a tipóia de Alvo, a tala de Daniel e fechando as cortinas, impedindo que a luz do luar clareasse o mármore ilustrado da instalação. Madame Pomfrey era muito rígida com relação às regras. As que ela mais gostava eram as do silêncio obrigatório e do toque de recolher às oito horas. A enfermeira detestava visitas inesperadas. No final da tarde, quando um grupo de lufalufinas risonhas entrou na enfermaria dispostas a entregar uma caixa de bombons para Fincher, Madame Pomfrey irrompeu de seu escritório pedindo para que as garotas se retirassem da enfermaria alegando que o grupo causava muito rebuliço. E pediu para que todas aguardassem a saída de Fincher, no dia seguinte.
– Quando as luzes apagarem, eu não quero ouvir um pio dos senhores – ordenou a enfermeira, mesmo que nenhum dos presentes houvesse trocado prosas.

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