Seguindo as arquibancadas, Alvo estudou os
professores, cada um com sua peculiaridade e seu olhar cauteloso, apreensivo,
entediado ou satisfeito com relação ao jogo que se transcorria. Elevando mais o
olhar, Alvo se dirigiu para além do campo de Quadribol e das passagens pela
floresta, chegando ao castelo de Hogwarts, como sempre esplendoroso escavado na
montanha. Ele pensou em como deveria ter sido trabalhoso montar e arquitetar
toda aquela estrutura, e se sentiu honrado por ser descendente daquele que fez
os primeiros esboços e ergueu aquela morada.
Com o sol alto, deu para ver mais atentamente os
detalhes do castelo, as janela, as portas e os corredores, até uma criatura
enorme que planava por entre as torres, se aproximando mais de umas, pousando
em outras e piando conforme agitava suas enormes asas. Sim, deveria ser uma
espécie de grande porte, pois somente assim Alvo poderia vê-la com tanta
clareza estando ele tão distante. Não era um hipogrifo nem um testrálio, pois
se fosse Alvo não o estaria vendo. E por um instante ele desejou que não fosse
nenhum bichinho “curioso” de Hagrid
que houvesse perdido o controle. A criatura permaneceu planando, aparentemente
cansada, mas até que um novo gás tomou conta de seu corpo e ela voltou a agitar
com mais força suas asas. Circundando a Torre Oeste e se escondendo por entre
as sombras do castelo, sem que Alvo pudesse mais vê-la.
Intrigado com a criatura, o menino apertou mais os
olhos para tentar continuar a acompanhá-la, mas ela se perdeu com definitivo.
“O jogo está
tão interessante para o lado da Sonserina que Potter parece ter desistido de
prestar atenção em suas obrigações e prefere olhar a morte do bezerro
apaixonado”, narrou Jones tentando conter uma gargalhada. “Não é para menos já que...”
O megafone se silenciou sem aviso.
Como um blecaute concentrado, todos os apetrechos
e objetos encantados por magia desligaram. Jones bateu com os dedos abertos no
megafone para ver se ele recuperava a voz, mas nada aconteceu. As vassouras
ficaram estacionadas em pleno ar, incapazes de se locomoverem, frustrando um
contra-ataque da Sonserina. Os desenhos encantados para correrem e se animarem
em bandeiras e flâmulas ficaram completamente petrificados, sem esboçar vida.
Até mesmo o pomo de ouro perdera forças.
Alvo, sem querer, avistou a bolinha dourara uns
quatro metros acima de onde estava flutuando a vassoura de Patrícia Kirke. Ele
estava tão fraco e esgotado de magia que era possível observar suas asinhas de
beija-flor. Não havia dificuldades em vê-lo, ele mal conseguia ficar no mesmo
lugar, ia caindo, centímetro por centímetro, se aproximando cada vez mais de
Kirke. “Vamos, volte ao normal!”,
implorou Alvo mentalmente para sua vassoura. Mesmo com tudo desligado, se Kirke
pegasse o pomo, a partida estaria encerrada de uma maneira ou de outra.
Professores estavam inquietos, se agitando e
tentando chegar a um consenso para explicar o motivo do blecaute, alunos
agitavam suas varinhas, mas não produziam nenhum efeito. Estava tudo errado,
mas Alvo mal desgrudava o olhar do pomo. “Droga,
Thunderstorm! O que está havendo? Volte logo ao normal!”.
Poderia ter sido o apelo de Alvo que fizera com
que sua vassoura voltasse ao normal, mas ele teria de ter desembolsado uma
quantidade enorme de magia para fazer com que tudo voltasse a funcionar ao
mesmo tempo.
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